Era tudo o que PSDB não queria.
Ainda mais com a real chance do partido se tornar a terceira via na disputa eleitoral, colocando-se como um partido de centro para atrair especialmente a classe média que não quer Lula e o PT de volta ao poder, nem o discurso de direita de Jair Bolsonaro.
As revelações de empreiteiras como Camargo Correa e Odebrecht reconhecendo que havia um intenso cartel para a execução de obras públicas no Governo de São Paulo, como o Rodoanel, estações de metrô e vias da Capital justamente no período de 2004 a 2015 deixou atônita a cúpula do partido.
O período, diga-se de passagem, foi praticamente governado pelos tucanos: Geraldo Alckmin, José Serra e Alberto Goldman, além de Claudio Lembo, hoje no DEM.
Atual presidente do partido e natural pré-candidato à Presidência da República, Alckmin tentou amenizar o impacto alegando que o Estado é vítima neste processo.
No entanto, parece difícil – para não dizer impossível – que estes acordos espúrios, que inflaram os valores das obras paulistas – passaram despercebidos por todos os secretários e membros do governo paulista ao longo de tantos anos.
Além disso, a denúncia – que ainda necessita de maior apuração e análise dos documentos entregues pelas empreiteiras participantes do cartel – atinge outro nome de peso: o atual senador, José Serra, que não nega o interesse de voltar a concorrer ao Palácio dos Bandeirantes no próximo ano.
Ambos, aliás, já foram citados na Operação Lava-Jato, mas a velocidade dos seus inquéritos é bem mais lenta do que outros acusados de partidos distintos.
A preocupação tucana é avaliar até que ponto tais denúncias poderão atrapalhar o crescimento de ambas as candidaturas. Afinal, se antes o PT era sinônimo de corrupção, hoje percebe-se que a frase necessita incluir outras agremiações partidárias.
Fechados em copas
A verdade é que os governos tucanos se fecham em copas quando alguma denúncia de corrupção chega à mídia.
Não se pode ignorar que o partido, há mais de 20 anos no poder paulista, criou um escudo para evitar ações mais contundentes do próprio Ministério Público Estadual e até da mídia.
Tanto que são vários os secretários do governo Alckmin que vieram da Promotoria Pública, como os de Educação e Segurança, apenas para citar alguns. Sem contar a hegemonia do governo na Assembleia Legislativa, onde comissões de investigação nunca avançam.
Resta saber os desdobramentos destas denúncias e a velocidade a qual serão apuradas.
A oposição, por sua vez, irá explorar este episódio.
Infelizmente, ao eleitor fica a certeza do reconhecimento que os partidos são tudo farinha do mesmo saco.
Triste, mas real constatação.
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