Após 23 anos, o ninho tucano paulista vai mudar de mãos. Claro que já ocorreram situações pontuais onde o cargo foi ocupado por aliados de primeira hora de outros partidos, como o vice-governador Cláudio Lembo (ex-PFL, atual PSD).
Este, aliás, ocupara o cargo entre março a dezembro de 2006 justamente para ocupar o cargo, após a renúncia de Geraldo Alckmin rumo à Presidência da República.
Candidatura, aliás, derrotada para o então presidente Lula, que tentava a reeleição, a despeito das denúncias do Mensalão – o pai do Petrolão.
Mesmo assim, a oposição dançou. E feio.
Naquela ocasião, Alckmin conseguiu um fato raro: perder votos. Foram 39,9 milhões no primeiro e 37,5 milhões no segundo turno. Já Lula chegou ao recorde: mais de 58,2 milhões de votos.
Hoje, a presença de Lula nas urnas é uma incógnita diante das condenações.
A tendência atual é que ele esteja fora da disputa, mas nos meandros jurídicos brasileiros tudo é possível.
Aliás, a confirmação deste cenário abre espaço para Alckmin.
Ele poderá ser o candidato com discurso de centro, sem os extremos de Jair Bolsonaro.
As pesquisas mostram que sua força política antagônica está diretamente relacionada à candidatura de Lula.
Sem ele no páreo, seu crescimento pode estar próximo ao limite.
Enfim, o governador paulista sabe que o sucesso de sua empreitada rumo ao Palácio do Planalto passa pelo seu próprio partido.
Aliás, agremiação afeita a rachas que provocam cisões e conflitos desnecessários, como a pífia tentativa do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, de entrar na disputa presidencial.
Outro exemplo ocorre em São Paulo, onde o governador pode ter dois palanques eleitorais com João Doria pelo PSDB e Márcio França, seu atual vice, pelo PSB.
Com um ímpeto impressionante, o prefeito paulistano – após tentativas frustadas de se tornar o candidato do partido à Presidência – resolveu voar um pouco mais baixo.
Assim, aceitou -“graças à militância” – disputar o Governo do Estado, após ser aclamado nas prévias na semana passada.
Aliás, situação incomum ao ninho dos tucanos.
Fogo amigo
Farpas não faltaram, inclusive do ex-presidente do partido, José Aníbal, candidato derrotado.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em 19 de fevereiro passado, Aníbal declarou sobre a possibilidade de existirem dois palanques ao governador em São Paulo.
“A candidatura do PSDB não nos obriga a hostilizar o Márcio França. Pelo contrário. Márcio tem sido um leal companheiro do Alckmin”.
Tão logo foi escolhido como candidato do partido, Dória lançou os primeiros petardos ao vice-governador.
Por exemplo, acusando-o de fazer alianças com partidos de esquerda como PDT e PCdoB e dizendo-se que estaria do outro lado do espectro ideológico.
França rebateu o prefeito paulistano dizendo que ele não cumpre palavra.
Assim, o vice prepara mudanças nas respectivas pastas do Estado, substituindo secretários ligados ao PSDB e aliados tucanos por outros do PSB e partidos aliados.
Desta maneira, a vassoura e o balde já estão na área de serviço aguardando o ok.
Resta saber se o atrito entre França e Doria não atrapalhará o palanque duplo a Alckmin no maior estado da federação.
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