A primeira pesquisa nacional divulgada após a prisão do ex-presidente Lula começa a definir um cenário eleitoral interessante.
Mesmo que o PT insista na candidatura do ex-presidente, o que pode ser sustentado legalmente até setembro, na prática a cada dia que passa são cada vez menores as chances disso ocorrer.
Planos B (o ex-governador baiano, Jaques Wagner) ou C (o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad) não podem ser descartados. E isso o Instituto Datafolha soube mensurar. Sem Lula, o PT tende a ser figurante.
Outro partido que também pode ter a atuação conturbada, diante do cenário da pesquisa, é o PSDB.
Com a sombra do senador Aécio Neves, agora réu do processo a qual é acusado de suborno no valor de R$ 2 milhões sob suposto empréstimo junto aos irmãos Batista, da J&F, o primeiro atrito envolvendo o candidato do PSDB presidencial de 2014 e o ex-governador paulista, Geraldo Alckmin, já se tornou público.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Alckmin considerou ser melhor que Aécio não concorra às eleições de outubro.
Como resposta, o senador mineiro disse que quem tem que decidir sobre isso é ele e seu grupo político junto com os eleitores mineiros. Sinal de alerta no partido no segundo maior colégio eleitoral do País.
Com tantos nomes pré-lançados como possíveis candidatos e com a eventual ausência de Lula, a pulverização dos votos será inevitável.
Afinal, a busca por espaço decorre principalmente da sobrevivência partidária, injetada pelo bilionário Fundo Especial de Financiamento de Campanha, sem contar com o fundo partidário. A partir desta eleição entra em vigor a cláusula de desempenho, cujo objetivo é diminuir o número de partidos.
Hoje, mais de 20 legendas (de um total de 35) tem representação no Congresso.
Assim, a Emenda Constitucional 97/17 define que só terá direito aos recursos do Fundo Partidário e tempo de propaganda eleitoral (o que também significa dinheiro) os partidos que tiverem recebido ao menos 1,5% dos votos válidos nas eleições para a Câmara dos Deputados, distribuídos em pelo menos 1/3 dos estados (9 unidades), com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma delas.
E as regras se tornarão mais rígidas com exigências gradativas até 2030.
Explica-se, portanto, a inflação de tantos candidatos presidenciais. E com a eventual ausência de Lula no páreo, dificilmente alguém levará no primeiro turno.
Dentro deste cenário, os vices ganharão força.
Sonho
Assim, o governador Márcio França, por exemplo, sonha em ter Geraldo Alckmin, seu antecessor, na cabeça de chapa e o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, agora no PSB, como vice.
Barbosa, que ainda não confirmou a candidatura, já abocanha 8 a 10% do eleitorado, índice que o coloca em uma posição invejável.
Desta forma, o vice também pode ser o diferencial ao presidente Michel Temer, que poderá ter ao seu lado o seu ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Portanto, fica claro que os vices não serão meras figuras decorativas nesta eleição.
É bom lembrar que o atual presidente foi vice da ex-presidente Dilma Rousseff.
Vai que a cena se repita…
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