Regado a sexo, drogas e ele próprio, o rock n’ roll chega à marca de seis décadas.
Com histórias que passaram desde uma relação conturbada com a sociedade, vindo a se tornar o queridinho de muitos, para em seguida ser esnobado, o rock foi celebrado por multidões, massacrado por políticos e a Igreja Católica, porém ao mesmo tempo, sendo um precursor no modo de agir de uma sociedade que saía de uma guerra dez anos antes.
E pensar que tudo aconteceu numa manhã de julho de 1954 quando Elvis Presley, até então um caminhoneiro, entrou no Sun Studios, em Memphis e gravou “That’s Alright Mama”. Mas, não esquecemos de Chuck Berry, Big Mama Thornton que já empunhavam guitarras e berravam nos microfones clássicos como Hound Dog e Johnny B. Goode.
Elvis Presley foi mais do que o Rei do Rock n” Roll – ainda há pessoas que defendem que Chuck Berry é o Pai Legítimo.
Elvis foi o mensageiro que abriu as portas para que Little Richard, Bo Diddley e Fats Domino pudessem espalhar o ritmo de um blues acelerado, com letras que tinham como mensagem “agite, mexa e deixe rolar” (Shake, Rattle and Roll – Bill Haley & His Comets).

Élvis é considerado por muitos, até os dias atuais, como o rei do rock. Foto: Divulgação
Rock Nacional
No Brasil, em 1957, Cauby Peixoto gravava o primeiro rock em português, Rock and Roll em Copacabana. Na década de 1960, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa apresentavam a Jovem Guarda, trazendo na bagagem surpresas como Os Mutantes, Renato e seus Blue Caps, Golden Boys, Jerry Adriani.
No exterior para o mundo, todos foram tomados pelos Beatles, fazendo os papéis dos mocinhos, enquanto os Rolling Stones, faziam os badboys, arruaceiros, que tocavam blues, usavam drogas e participavam de orgias.
Contudo, ninguém estava preparado para o choque que viria na década seguinte.
Os Beatles terminavam de forma melancólica.
Deep Purple, Led Zeppelin e Black Sabbath tomavam o poder com um som mais pesado, enquanto a androginia, maquiagem e saltos plataformas coloridos, com sua comissão de frente formada por Elton John, David Bowie e Queen mostravam que o rock podia ser brilhante e uma arte.
Onde influenciaria milhares de bandas futuramente.
Tal influência tomou conta de Rita Lee, Raul Seixas, Joelho de Porco, Casa das Máquinas e, segundo as más línguas, os Secos e Molhados, com Ney Matogrosso pavoneado, maquiado e dançando praticamente nu.
Quem não se lembra, em época de ditadura militar, o show do grupo no Maracanãzinho, em 1973?

Ney Matogrosso se apresentou no Rock in Rio de 1985. Foto: Divulgação
Década dos sintetizadores
Os anos 80 foi submetido ao uso de sintetizadores, laquês no cabelo e no Brasil, uma leva de bandas explodiram fazendo da década uma das mais inspiradoras e divertidas, como Barão Vermelho, Ultraje à Rigor, Metrô, Titãs, Legião Urbana e o RPM.
Mesmo com a sombra da AIDS assombrando o planeta, a frase “Sexo, Drogas e Rock n’ Roll” tinha uma razão maior, onde com o fim da ditadura, tudo parecia estar totalmente liberado.
As décadas seguintes não tiveram o mesmo impacto que o passado. Bob Dylan, Jimi Hendrix, Jim Morrison e Janis Joplin tornaram-se os símbolos de uma era hippie de paz, assim como Sid Vicious é o símbolo da rebeldia punk. John Lennon foi assassinado e se transformou um “Ghandi Rockeiro” em busca da paz e do amor, mesmo tendo sido um pai ausente e tendo tratado Paul McCartney como lixo após o fim dos Beatles.
O que importa é que, após 65 anos, o rock se reinventou, moldou, se adaptou a cada época que passou. Sintonizando-se com a realidade de seu tempo, sendo um espelho, refletindo a moda, comportamento e a atitude dos jovens.
Enquanto alguns dizem que o Rock n’ Roll está morto e agonizando, bandas como Greta Van Fleet, Avenged Sevenfold, Arctic Monkeys, The Struts e The Raconteurs explodem seus amplificadores e arremessam baterias e guitarras pelo palco mostrando que dessa cinza, se assoprar, ainda há muita lenha para queimar.