Assim como ocorre nos médios e grandes centros urbanos do País, a Baixada Santista vê crescer as ações criminosas em quase todas as cidades que compõem a região metropolitana.
Em áreas dominadas por quadrilhas que comandam o tráfico de drogas, principalmente em morros e conjuntos de favelas periféricas, evidencia-se os níveis de sofisticação e audácia alcançados pela criminalidade.
Mantendo posições estratégicas e, na maioria das vezes, dispondo de modernos sistemas de informação, as quadrilhas demonstram estar dispostas a resistir à polícia, colocando sob dúvida a real capacidade do Estado no combate ao crime.
Equipadas com armamentos de última geração – muitos deles de uso exclusivo das forças militares -, a bandidagem demonstra uma pretensão nunca vista para manter e expandir seus domínios em áreas utilizadas para comércio de drogas e para a prática contumaz de roubos, furtos e sequestros relâmpagos.
Como verdadeiros guetos, as comunidades dominadas pelos comandos criminosos são vitimadas pela violência coercitiva e geridas por leis próprias, com o acesso restrito e controlado às residências, em uma demonstração de total desprezo às regras que normatizam a vida em sociedade.
Fortalecidos ao longo de décadas pela negligência das administrações públicas, omissas no atendimento das demandas sociais básicas, o crime também se expandiu para outras esferas de poder constituído, utilizando práticas corruptas e financiando candidaturas políticas para assegurar presença de seus representantes nos legislativos e executivos municipais.
Tamanho grau de organização e nível de ingerência na vida das comunidades impõe, no atual momento, muito mais do que periódicas incursões policiais isoladas, método que se mostra como mero paliativo diante da dimensão que o problema já alcançou.
Nesse sentido, torna-se imperiosa a adoção de medidas vigorosas para o restabelecimento do poder do Estado, por meio de intervenções e permanência das forças militares nas áreas dominadas pelas quadrilhas criminosas.
Da mesma forma, é urgente a introdução de medidas sociais cabíveis para reconquistar a credibilidade junto as populações residentes.
Nesse sentido, a mobilização e união de esforços nas esferas municipais, estaduais e Federal tornam-se imprescindíveis para o sucesso na guerra contra o crime organizado, visto que, sem dúvida, contará com o apoio irrestrito da sociedade civil.
Já não é mais possível aceitar de forma passiva a continuidade do avanço da criminalidade na região, sem exigir providências concretas das autoridades responsáveis.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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