Historicamente, o mercado de trabalho tem características, por vezes, segregadoras.
Reflete preconceitos e exclusões que precisam ser superadas.
Foi (e ainda é) assim com mulheres, com negros, com pessoas LGBTQIA+. Um outro grupo que ainda tem dificuldade de inserção profissional é o das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), muito pelas ainda existentes faltas de conhecimento e de preparo.
Uma realidade que precisa estar no radar de empresas e poder público.
O mês de abril é marcado pelo debate sobre o autismo – temos o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, a 2 de abril.
Ainda há muito a se esclarecer sobre o TEA para a população no geral.
O mais importante: autismo não é doença, mas uma condição, ou melhor, diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico, todas relacionadas com dificuldade no relacionamento social.
O que não significa que uma pessoa com TEA não possa conviver, trabalhar, relacionar-se e desenvolver uma vida plena.
No mercado de trabalho, o panorama é preocupante.
Estima-se que existam 2 milhões de pessoas com TEA no Brasil, e 85% dos adultos com autismo estão desempregados.
A dificuldade de inserção esbarra na própria dificuldade de entendimento sobre essa condição.
Caberia, portanto, aos departamentos de Capital Humano promover ações de conscientização e treinamento às equipes para que o ambiente de trabalho esteja pronto para receber profissionais autistas.
Vale lembrar que pessoas com TEA, normalmente (mas não obrigatoriamente, é bom ressaltar), têm mais facilidade de se adaptar a certos tipos de trabalho, como as atividades rotineiras e processos padronizados.
Também é comum que tenham alta capacidade de memorizar dados e de cumprir normas, além de pensar de forma diferentes e poder dar respostas que fujam do pensamento convencional.
Quando estimuladas e desenvolvidas da maneira correta, essas habilidades podem trazer benefícios tanto para a pessoa autista, quanto para a empresa.
O Transtorno do Espectro Autista ainda é objeto de estudo pela ciência e há muito a se entender sobre seus meandros.
A realidade, no entanto, é que há um grande número de pessoas incluídas nessa condição que precisam estar inseridas nos diversos espaços da sociedade, como o mercado de trabalho.
Essa é uma demanda urgente e importante, que deve ser atendida por empresas e poder público no sentido de ser mais um passo na construção de uma sociedade mais inclusiva e democrática.
Janguiê Diniz é fundador e presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional e presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo
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