Duas pesquisas divulgadas nesta quarta (28) reforçam o fosso existente entre a população e a riqueza gerada pela região onde vive.
No mesmo dia, o IBGE divulgou os novos números do Censo 2022 (atrasado em razão da pandemia).
A Baixada Santista cresceu 8,5% dos moradores nos últimos 12 anos, com base no Censo de 2010.
Em números, foram 141.315 moradores acrescidos nos últimos 12 anos – média de 11.776 munícipes/ano.
Empurrada, aliás, por Praia Grande.
Sozinha, a cidade de apenas 57 anos viu 87.884 moradores chegarem ao seu território no litoral sul paulista – uma impressionante média de 7.323 novos moradores/ano. (saiba mais aqui).
Assim, no mesmo dia, porém, a Fundação Seade divulgava o crescimento do PIB – Produto Interno Bruto no Estado de São Paulo no primeiro trimestre de 2023.
Crescimento de 0,3%, empurrado pela Região Metropolitana de São Paulo, que cresceu 0,8% e a própria Capital, com 0,7%, além de Osasco, com 1,0%.
Aliás, graças ao avanço do Rodoanel, Osasco tem se destacado no cenário metropolitano, em razão da instalação de empresas de logística e ampliação da infraestrutura de empresas do setor eletrônico.
Por sua vez, já representa 1/3 do PIB da Capital e é quase o dobro da região do ABCD, região, aliás, que tem sofrido os efeitos econômicos, como avalia o gerente de indicadores econômicos da Fundação Seade, Vagner Bessa.
A Baixada Santista, porém, registrou queda de 2,1% na comparação com o último trimestre de 2022 – a terceira maior marca entre as regiões do Estado.
Geracional
Em entrevista ao Redação Boqnews, novo programa da Boqnews TV, Bessa salientou que algumas regiões estão crescendo de forma significativa.
Portanto, casos de Campinas e Sorocaba, e outras, como o ABC e Baixada Santista estão perdendo espaços.
“O processo é geracional”, enfatiza.
Ou seja, há necessidade de planejamento para o futuro visando expansão e agregar valores e produtos a curto, médio e, em especial, longo prazos.
“A política de interiorização de desenvolvimento começou no final dos anos 80 e 90 e hoje os resultados estão sendo colhidos”, diz.
Dessa forma, em valores, a Baixada movimentou R$ 22,572 bilhões no primeiro trimestre deste ano, representando os 3% de um total de R$ 737,1 bilhões que circularam no Estado no primeiro trimestre deste ano.

Gerente de indicador econômico da Fundação Seade, Vagner Bessa, analisa os números e dicas para a Baixada Santista retomar a geração de negócios e empregos. Foto: Reprodução Redação Boqnews
Visão de futuro
O pesquisador considera que a Baixada Santista é ‘um quebra-cabeça difícil de ser composto’ que pode encontrar soluções para a retomada do seu desenvolvimento.
“A região tem universidades, política atuante e uma massa crítica. Isso ajuda”, enfatiza.
Dessa maneira, ele recorda que Campinas e região – que representa um em cada cinco reais da economia paulista – se desenvolveu graças à inauguração do aeroporto de Viracopos, em 19 de outubro de 1960.
Logo depois, veio a Unicamp, e com ela pesquisa, empresas e outras conexões e negócios, ampliando o raio de Campinas para as cidades vizinhas como Jundiaí, Vinhedo, Valinhos, entre outras.
“O aeroporto é estratégico para o transporte de mercadorias e um sinalizador forte para atração de investimentos”, enfatiza.
Assim, dois pontos merecem destaque neste cenário – e um terceiro aguarda décadas para sair do papel.
O aeroporto de Guarujá, cujo edital de licitação será anunciado nesta sexta (30).
Aliás, quando a cidade completa 89 anos de emancipação político-administrativa, pelo prefeito Valter Suman.
Assim, o edital da primeira fase das obras de infraestrutura compreende pista e cercamento, necessárias para a primeira fase de implantação do Aeroporto Civil Metropolitano de Guarujá.
Assim, trata-se de reforço estrutural dos pavimentos da pista de pouso e decolagem e pista de taxiamento.
Além disso, regularização das faixas de pista e áreas de segurança, drenagem, cerca operacional, barreiras de proteção de fauna, via de serviço e sinalização horizontal, entre outras ações (leia mais aqui).

Aeroporto de Guarujá: sonho começa a virar realidade com publicação de edital. Foto: Divulgação/PMG
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Andaraguá
Assim, falando em aeroporto, não se pode esquecer o sonhado e acalentado complexo Andaraguá, em Praia Grande, que se arrasta há quase duas décadas.
Assim, a área prevê, além de um polo de logística e funcionamento de empresas, a existência de um aeroporto de cargas.
Dessa forma, por questões burocráticas e entre idas e vindas, a proposta ainda não saiu do papel, apesar de pareceres favoráveis de diversos organismos.
Confira a entrevista completa com o gerente de indicadores econômicos da Fundação Seade, Vagner Bessa
Aeroporto
Dessa forma, outra ação que pode alavancar a economia regional, facilitando o fluxo de veículos pelo mar entre Santos – SV – Litoral Sul com Guarujá, Bertioga e Litoral Norte é o túnel entre Santos e Guarujá.
Assim, a previsão é que o edital da obra seja publicado até o final do ano e o canteiro – a ser montado junto ao linhão, em Guarujá (linha de energia aérea) até o fim de 2024, como adiantou o presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini.
Ele participou do Jornal Enfoque desta quinta, onde falou sobre o assunto (confira o programa).
Participação econômica das regiões no Estado em números (R$ 737,098 milhões) – dados de 2022 (em %)
# Região Metropolitana de São Paulo – 50,2%, sendo
Município de São Paulo – 29,5%
Região de Osasco – 9,8%
Região de Guarulhos – 5,5%
do ABCD – 5,4%
Outras Regiões Administrativas – RAs (representam 49,8%)
Região Administrativa de Campinas – 20,0%
RA de São José dos Campos – 5,6%
Região Administrativa de Sorocaba – 5,1%
RA de Santos – 3,0%
RA de Ribeirão Preto – 2,6%
Região Administrativa de S. José do Rio Preto – 2,4%
RA de Bauru – 2,1%
RA Central – 1,8%
Região Administrativa de Marília – 1,6%
RA de Presidente Prudente – 1,2%
RA de Franca – 1,2%
Região Administrativa de Araçatuba – 1,2%
RA de Barretos – 0,8%
RA de Itapeva – 0,8%
Região Administrativa de Registro – 0,4%
Fonte: Fundação Seade
(*) Com informações da Prefeitura de Guarujá