Na próxima quarta-feira (27 de setembro), comemora-se o Dia de Cosme e Damião, a famosa tradição de entregar doces para as crianças.
Com isso, não basta comemorar, mas também entender o que tem por trás dessa história e sua importância.
Surgimento
De acordo com a taróloga Mônica Sarah, Cosme e Damião nasceram por volta de 260 d.C. (depois de Cristo), na cidade de Egéia, na Arábia. Eles eram gêmeos nascidos em uma família de boa situação e religiosa, que ensinou a eles tudo sobre Jesus Cristo.
Inclusive, os dois se tornaram médicos e passaram a cuidar de pessoas e animais de forma gratuita, e pregavam o Evangelho nos atendimentos.

Taróloga Mônica Sarah Rodrigues/Foto: Carla Nascimento
Importância
Conforme Mônica, a prática de distribuir doces veio da associação que os escravos fizeram de Cosme e Damião aos orixás da Umbanda e do Candomblé: os Ibejis, filhos gêmeos de Xangô e Iansã. Na época da escravidão, havia muita repressão sobre os cultos africanos.
Por isso, para os negros adorarem suas divindades tinham sempre que associá-las a algum santo católico.
É desse contexto que surge Cosme e Damião, considerados protetores dos gêmeos e das crianças. A partir desse conceito, as pessoas criaram o costume de distribuir os doces para homenagear os santos ou cumprir promessas feitas a eles.
Assim, acreditando que desta forma a alegria, bem estar e saúde das crianças estarão garantidas.
O Brasil tem forte ligação com a religião afro o que associa a alguns costumes que o povo possui.
Dessa forma, Mônica acrescenta que em Santos, muitas pessoas ainda mantém a tradição de levar seus doces nos jardins das praias ou colaborar, doando para entidades que fazem festas nessa data.
Assim, podem fazer a alegria não só das crianças, mas também de diversos adultos que não abrem mão de “recolher” alguns doces nessas ocasiões.
Tradição
Segundo a Babá Maria Carolina, do Centro Espírita de Umbanda Nossa Senhora da Conceição (CEUNSC), a tradição é distribuir os doces para as crianças e simpatizantes, além das comidas dos rituais de Ibejis (orixás africanos).
Dessa forma, eles compartilham emoções, amor, felicidade e a pureza das crianças, despertando a crença religiosa, a cura espiritual por meio da ingestão do alimento. “Acreditamos que ao doar e receber o alimento, seja ele doce ou salgado, é um reconhecimento da cultura africana, livre de preconceito entranhado em reparação ao apagamento e embranquecimento da história”.

Babá Maria Carolina. Foto: Divulgação
Festa
De acordo com ela, a festa ocorre há aproximadamente 17 anos, com início na sede anterior na Rua Luiza Macuco, e desde 2009 na nova sede.
Entre médiuns, simpatizantes e crianças da comunidade, o CEUNSC recebe de 200 a 250 pessoas e distribui de 500 saquinhos de doce.
Esse ano, em especial, haverá uma alvorada seguida da 1ª Procissão de São Cosme & São Damião, que, além do cunho religioso de levar a história para fora dos muros, realizar o chamamento das mães e crianças do bairro para o recadastramento para a 18ª Festa das Crianças do Bairro da Vila Mathias, que ocorre no Natal, período em que mais de 250 crianças são agraciadas com dia de lazer e a sacolinha de Natal entregue pelas mãos do Papai Noel.
“Após a procissão teremos lazer na rua da nossa casa para as crianças da comunidade enquanto as mães realizam o cadastro e depois ofereceremos um almoço com comidas do nosso culto. Às 16h, iniciaremos o rito religioso, com a chegada das crianças espirituais”.
Como doar doces?
Maria também comenta que para doar os doces, as datas em que eles podem ser recebidos são nos dias 27 de setembro, 4 a 6 de outubro, na Rua Paulo Gonçalves, 1, Vila Matias, em Santos. Para mais informações, acesse: 13 99113-5422.