Faltando 19 semanas para as eleições – menos de cinco meses – de outubro, o cenário eleitoral aponta que uma disputa acirrada, com elevadas chances de segundo turno.
Algo que não ocorre desde 2004, na eleição entre os candidatos João Paulo Tavares Papa e Telma de Souza.
Na ocasião, Papa venceu por 1.771 votos 0,74% dos votos válidos.
“Não é impossível (eleição em apenas um turno), mas é improvável. A vereadora Telma de Souza terá dois dígitos. Assim, é improvável que a eleição termine no primeiro turno”, diz o cientista político e jornalista Fernando Chagas.
Assim, segundo ele, se tal cenário ocorrer, a decisão final poderá estar nas mãos dos eleitores progressistas.
“Em Santos, o voto progressista poderá ser o fiel da balança no segundo turno”, crê.
Chagas participou do Jornal Enfoque desta segunda (20), onde fez uma avaliação do atual cenário eleitoral.
Ele assegura que o candidato do governo será o prefeito Rogério Santos (Republicanos), a despeito de correntes dentro da própria administração torcerem pela volta do ex-prefeito e deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) à prefeitura (2013-2020).
“Não vejo o deputado Paulo Alexandre como candidato. O Rogério quem será”, afirma.
Rádio e TV
Para tanto, nove partidos já garantiram a base de apoio ao governo para a campanha eleitoral – garantindo maior tempo de rádio e TV.
A especulação sobre eventual troca passa pela vantagem da deputada Rosana Valle (PL) nas pesquisas divulgadas até o momento.
Rosana ainda não falou publicamente que será candidata à prefeitura, a despeito de profissionais já estarem atuando no plano de governo dela.
Além do PL, MDB e Mobiliza integram, por enquanto, a base de apoio da parlamentar.
Mas, outros, como o PRD, que deverá ter candidatura própria, ou seja, a do advogado e professor Renato de Jesus, tendem a apoiá-la em eventual segundo turno em razão da posição ideológica (PRD é fruto da fusão entre PTB e Patriota, de extrema direita).
Assim, conforme Chagas, o segundo turno tende a ser um dos mais disputados das últimas décadas.
“Lembrando a eleição de 2004”, relembra

Jornalista e cientista político Fernando Chagas analisou o cenário eleitoral faltando pouco mais de cinco meses para as eleições durante participação no Jornal Enfoque, com apresentação do jornalista Francisco La Scala (à dir). Foto: Carla Nascimento
Cenário atual
Conforme Chagas, no cenário atual – que pode sofrer mudanças até outubro, confessa -, Rosana chegaria na frente no primeiro turno e Santos ficaria em segundo lugar.
No entanto, a participação da ex-deputada e vereadora Telma de Souza (PT) será significativa e terá peso importante em eventual segundo turno, caso esta situação ocorra.
“Ela terá dois dígitos de votos”, ressalta.
Assim, a despeito do prefeito Rogério Santos não ser considerado de esquerda, mas de centro, os eleitores de partidos de esquerda poderão carrear votos em eventual segundo turno na candidatura de quem não terá apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, acredita.
Aliás, algo muito semelhante com a eleição ao governo paulista entre Paulo Maluf e Luiz Antonio Fleury Filho.
Na ocasião, Maluf personificava os votos conservadores.
Fleury, herdeiro de Orestes Quércia, longe de ser progressista, acabou vencendo e governou São Paulo entre 1991 a 1994.
Já em âmbito local, a direita será representada pela deputada Rosana Valle, presidente estadual do PL Mulher, e uma das mais combativas lideranças bolsonaristas no Congresso Nacional.
Assim, para ele, a eventual candidatura da deputada já está consolidada nos bairros da orla (zonas eleitorais 272ª e 273ª), cabendo ao prefeito ganhar espaço junto aos eleitores dos bairros intermediários destas zonas.
Casos do Macuco, Campo Grande, Marapé, Estuário e Vila Belmiro, por exemplo.
Por sua vez, na 118ª, a vereadora Telma de Souza (PT) vai tirar mais votos do prefeito Rogério Santos no primeiro turno, segundo Chagas.
A região é composta pelos bairros da Zona Noroeste, morros, Encruzilhada, Vila Mathias, Vila Nova, Paquetá, Valongo e Centro.
Obras
Um dos pontos críticos ao governo municipal é o volume de obras próprias e do governo do Estado de forma simultânea, atravancando o fluxo pelas ruas da Cidade.
Chagas acredita que as obras sob responsabilidade do Município serão entregues até julho.
“Se isso não ocorrer, isso pode alterar o voto de muita gente”, reconhece.
No entanto, o grande entrave incide sobre as obras do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, cuja segunda fase se arrasta há anos.
Apesar de ser uma obra do Governo do Estado, as queixas são direcionadas à prefeitura – e ao prefeito.
Aliás, o mesmo vale para a Sabesp, estatal paulista – por enquanto.
“Se o cronograma não for cumprido, isso poderá desfavorecer. Afinal, o santista não gosta de ter sua rotina alterada”, salienta.
No dia 2 de maio, durante anúncio do lançamento do projeto Parque Palafitas, tanto o governador Tarcísio de Freitas como o prefeito Rogério Santos receberam a garantia da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, responsável pela obra, e pela construtora Alya de que a estrutura física do VLT estará pronta até o final de julho.
Trânsito
Na semana passada, o presidente da CET, Antonio Carlos Gonçalves, falou que a expectativa está mantida, mas reconheceu que os atrasos poderão ocorrer.
“Da nossa parte, estamos fazendo de tudo para que este contrato seja cumprido”, salientou durante participação no Jornal Enfoque.
Apoio logístico, ampliação das atividades profissionais em áreas comerciais, inclusive durante a madrugada, são algumas das iniciativas para agilizar o empreendimento.
Confira a entrevista realizada na última quinta (16).
Câmara
Chagas também analisou o quadro do Legislativo.
Segundo ele, a renovação será pequena – sem contar os três nomes que não disputarão
Rui de Rosis (PL) fará campanha para seu filho, Rui de Rosis Jr (PL).
Aliás, a vereadora Telma de Souza será candidata ao Executivo, enquanto o vereador Roberto de Jesus (Republicanos) não concorrerá para a participação de um bispo da Igreja Universal, que tem o controle do partido.
Mesmo assim, Chagas aponta que o PL deve ser a agremiação que fará o maior número de cadeiras.
“Pelo menos 4, com possibilidade de uma quinta”, antevê.
Novo, PT, PSD, PP, União, PSB, Podemos e PSDB também devem eleger ou reeleger vereadores.
Mas podem surgir surpresas em razão do quociente eleitoral.
Sobre o papel dos eventuais vices, Chagas diz que a tendência, como ‘opinião pessoal’, é que o ex-presidente da Câmara, Sadao Nakai, seja o vice da deputada Rosana Valle.
Por sua vez, a atual vice, Renata Bravo, que deixou o PSDB rumo ao PSD, permanecerá no cargo junto com o prefeito Rogério Santos para a disputa eleitoral.
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