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Foto: Felipy Brandão

Eleições

04 DE OUTUBRO DE 2024

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Hora de votar: Cientista política analisa cenário eleitoral em Santos

Professora universitária e cientista política, Clara Versiani, abordou sobre a Cidade, expectativas para o processo eleitoral e o cenário no Legislativo

Por: Da Redação

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Na reta final do primeiro turno das eleições municipais, o clima é de ansiedade tanto dos candidatos quanto dos eleitores para saber o resultado. Para a maior parte das cidades, a disputa se encerra nesta domingo. Outros, onde o segundo turno é possível (cidades com mais de 200 mil eleitores), o pleito só se encerra no dia 27.

Durante o Jornal Enfoque da última terça,  a cientista política e professora universitária Clara Versiani analisou o cenário eleitoral.

 

Expectativa

Sobre a expectativa para o processo eleitoral, a professora acredita que é importante sempre considerar as pesquisas, independente do instituto, para que possa fazer uma avaliação delas. Além disso, deve-se observar a metodologia empregada, a margem de erro e a origem do instituto, se é um novo, com experiência ou não.

“No caso desse cenário temos que em Santos seria no mínimo curioso que nós tivéssemos o segundo turno com dois candidatos de direita e que no meu modo de entender disputam o mesmo eleitorado. Assim como seria mais interessante ainda observar no caso de haver um segundo turno, quando as pesquisas anteriores mostravam uma tendência de que não haveria, o que aconteceu entre as pesquisas de setembro e esta última divulgada? “.

Cenário

Afinal, das pesquisas divulgadas, a maioria aponta a liderança do prefeito. Outras, colocam ao contrário.

Não bastasse, algumas apontam que a eleição deve se encerrar no domingo. Outras, não.

Além disso, ela analisa o cenário da terceira colocada, a vereadora e ex-prefeita de Santos, Telma de Souza, que tem perdido espaço em algumas pesquisas, mas não o suficiente para completar essa diferença e garantir a vitória do prefeito ou da deputada neste domingo.

” O que é interessante, porque é uma candidata de esquerda ou teria vindo de eleitores que migraram do atual prefeito para a candidata do PL ou indecisos, mas o número de indecisos não era tão relevante. Porém,  pode ser também”.

Portanto, a cientista política aborda que seria importante avaliar posteriormente os candidatos que foram derrotados no primeiro turno ou partidos que tenham interesse em reavaliar sua estratégia considerando a possibilidade de segundo turno para saber o porquê da mudança, se isso se confirmar.

“Eu costumo dizer que pesquisas, de modo geral, mais acertam do que erram. Elas erram também. Então considerando que isso venha a se confirmar seria interessante que as pessoas apurassem como ocorreu essa mudança”.

Segundo turno

Há mais de 20 anos, Santos não há uma disputa para as eleições municipais no segundo turno, quando a deputada federal Telma de Souza e o então vice-prefeito João Paulo Papa venceu a eleição de 2004.

Sobre a ausência do segundo turno na Cidade, Clara acredita que corresponde a um declínio das forças de esquerda na região, considerando até resultados das últimas eleições e até a própria composição da Câmara de Santos, um fator fácil de observar.

“Temos uma tendência majoritária que é de direita e centro direita e às vezes até com algumas tendências mais extremas, embora a gente tenha as forças de esquerda se reorganizando nos últimos tempos com alguma presença e participação do PSOL que se organizou na cidade, além do próprio PT. Estivemos numa eleição que foi uma disputa significativa de uma candidata, que era do PcdoB, Carina Vitral. Essas forças ainda existem, porém não têm sido capazes nos últimos anos de arregimentar a simpatia dos eleitores, porque a cidade mudou socialmente falando”.

Transformação de Santos

Ela aborda que Santos se transformou. Houve a própria transformação do Porto, o fato também de ter se tornado uma cidade que se desenvolveu de uma maneira a privilegiar certas classes sociais, uma cidade que se tornou em razão da especulação e desse crescimento, uma cidade muito cara, que expulsou outros segmentos e classes sociais para outras regiões da Baixada Santista.

“Então há toda uma desarticulação dos movimentos sociais, acho que de um tempo para cá, até com o crescimento dos movimentos identitários, de mulheres, negros, essa força vai se recuperando. Portanto, começamos a ver outra mudança, que é esse crescimento desses movimentos de pauta identitária que pode ser que daqui até algumas eleições vejamos umas expressões maiores desses movimentos e quem sabe até com uma candidatura que seja mais competitiva”.

Portanto, Clara menciona que os santistas chegaram neste ponto com uma tendência majoritária mais conservadora, mas por outro lado se for para o segundo turno, terão dois candidatos dessa mesma tendência disputando e seria interessante estudar o que um candidato parece ser diferente do outro.

Sendo assim, poderá ser analisado se há o engajamento maior das mulheres na candidatura do lado da Rosana Valle ou se elas decidiram seu voto pela questão do gênero que pode pesar também. Portanto, se houver segundo turno e constatada essa migração de votos comparados com outras pesquisas, seria uma questão interessante de se avaliar.

 

Esquerda e direita

Outro ponto importante é analisar se com dois candidatos da direita disputando o segundo turno, certamente um deles terá de fazer um afago para esquerda ou centro-esquerda.

De acordo com a professora, pensando em atrair eleitores da esquerda e centro-esquerda, ela acredita que pesa muito o quanto eles possuem engajamento nessas forças políticas.

Outro fator é lembrar os partidos de cada candidato, por exemplo, o Rogério Santos, eleito em 2020 pelo PSDB, é do mesmo partido do governador do estado de São Paulo Tarcísio de Freitas, um partido de direita (Republicanos) e talvez a rejeição seja menor do que ao PL considerando que a candidata Rosana Valle tem uma ligação com do ex-presidente Jair Bolsonaro, Aliás, ela conta também com apoio da ex-primeira dama, Michelle.

 

Vereadores

Em Santos há 355 candidatos a vereador para 21 vagas na Câmara Municipal. Portanto, Clara analisa o cenário no Legislativo.

“Acho pouco provável que haja renovação significativa. São 17 candidatos à reeleição, dos quatro, dois estão indicando pessoas próximas.

É de se esperar que são pessoas próximas ideologicamente falando. O que pode ser que aconteça é que nós tenhamos a possibilidade de renovação com candidatos que venham de base mais identitária como movimentos ligados às questões étnicas e de gênero. “Então pode ser que tenhamos alguma candidatura vitoriosa de uma dessas lideranças mais novas no sentido de que não são candidatas a reeleição desses grupos”, destaca.

 

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