O símbolo da cruz cortada, identidade da banda punk californiana Bad Religion, traduz um dos principais motes que os integrantes tem a intenção de passar: raciocínio científico no lugar do religioso.
Logo no clássico hit American Jesus, o refrão é uma prévia da forte ideologia da banda: “Nós temos o Jesus Americano / Suportando a fé nacional/ Oprimindo milhões por dia”. Em Kyoto Now!, o líder e vocalista da banda, Greg Graffin, canta a favor do Protocolo de Kyoto, tratado que promove o compromisso dos países na redução da emissão de gases do efeito estufa – porém, os Estados Unidos, principal país do G8 da ONU, resistem à resolução para não interferir em sua produção industrial.
Tanto engajamento em forma de estrofes musicais não se justifica somente pelo punk rock por si só, gênero historicamente propagador de lutas políticas, sociais e até econômicas. Além dos vocais, Graffin é cientista. Além de ser formado em Antropologia e Geologia pela Universidade da Califórnia, tem doutorado em Paleontologia Evolucionária pela Cornell University, além de lecionar Ciência da Vida duas vezes por semana na UCLA, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Tudo isso para conciliar com as tours.
E esta será a primeira turnê da banda em 2014 – e o Brasil terá a honra de abrir a temporada de shows de puro punk rock. A formação conta também com os guitarristas Brett Gurewitz, Greg Hetson e Brian Baker, o baixista Jay Bentley e o baterista Brooks Wackerman.
Quatro cidades brasileiras farão parte do roteiro de shows no País. Entre elas, Santos está inclusa e é a única cidade fora do eixo das capitais. “O público [santista] sabe todas as nossas músicas, eles enlouquecem. É um grande prazer voltar à cidade depois de tantos anos”, diz o guitarrista Brian Baker, por telefone.
Lembranças
Muita gente pode não se lembrar, mas os californianos do Bad Religion já estiveram em terras caiçaras antes. “Lembro como se fosse hoje. A primeira música foi Recipe For Hate”. Logo no início, Baker recorda que mal podiam ouvir o próprio som que faziam.
“As pessoas estavam muito animadas, gritando, cantando e pulando muito. Lembro que estava do lado direito do palco, sentia uma vibração diferente, parecia que o palco ia cair. Quando percebemos a muvuca do público, olhamos um para o outro e decidimos que era hora de parar”. Mas ele garante: “Neste ano, a tensão estará só nos riffes de guitarra”, ri.
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