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24 DE AGOSTO DE 2023

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Baixada Santista perde 138 mil ocupações no período pré e pós-pandemia

Economista Alexandre Loloian explicou as razões da Baixada Santista ter sofrido o maior impacto de postos de trabalhos perdidos durante a pandemia

Por: Fernando De Maria

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Calcada com sua área econômica principalmente no setor de serviços, a Baixada Santista foi a região paulista mais atingida pelas restrições e limitações de trabalho durante a pandemia da Covid-19.

Entre o início da pandemia – até o último trimestre de 2019 – até o primeiro trimestre deste ano – dados mais recentes – a região perdeu 138 mil ocupações, o recorde entre as 11 regiões paulistas pesquisadas.

Sejam com oportunidades formais (com carteira de trabalho) ou informais.

Ou então, de outras formas não computadas pelo Ministério do Trabalho (apenas empregos formais da iniciativa privada).

Ou seja, bicos, MEIs, servidores públicos, e aposentados que permanecem trabalhando, ainda que de maneira informal.

“A pandemia afetou com maior peso o setor de serviços. Como a região tem maior participação nesta área, foi a que mais sofreu”, explica o economista Alexandre Loloian.

Aliás, cada vez mais a Baixada Santista tem no setor de serviços sua principal fonte econômica.

Somente entre os empregos formais, o setor registra 63% do total na região – contra 52% na média estadual paulista.

Os dados integram estudo desenvolvido pela Fundação Seade, com base em dados do IBGE.

O cruzamento dos dados decorre do levantamento do economista Loloian, responsável pela área de mercado de trabalho da Fundação Seade.

Ele participou do Jornal Enfoque desta quinta (24).

Exemplos positivos e negativos

Mas ao contrário do que muitos imaginam, nem todas as regiões sofreram o mesmo impacto negativo de perda de vagas durante a pandemia.

Afinal, neste período, o número de ocupados no estado de São Paulo cresceu em 751 mil pessoas entre o último trimestre de 2019 e o primeiro de 2023.

Puxados pelas regiões de Campinas, Capital e Sudoeste do Estado.

Juntas, elas responderam pela geração de 625 mil ocupações, ou 83% do total do Estado.

Já as regiões da Baixada Santista e a Central perderam 138 mil e 53 mil postos (formais ou não) ocupados, respectivamente.

Aliás, ao lado no entorno metropolitano Oriental, onde está o ABC, Diadema, Mauá e Mogi das Cruzes, por exemplo, registraram os menores níveis de ocupação apenas no primeiro trimestre deste ano.

Números e trabalho

O levantamento mostra que no quarto trimestre de 2019, a Baixada Santista tinha 1 milhão 150 mil pessoas ocupadas (seja com registro em carteira na iniciativa privada ou obtendo outras formas de renda por meio de emprego formal ou não).

Durante a pandemia, o número caiu  para o pior patamar no terceiro trimestre de 2022, quando 160 mil pessoas perderam fontes de renda.

E assim chegaram a 990 mil pessoas, que recebiam por meio de salários na iniciativa privada e setor público, incluindo empresários, MEIs ou bicos pelas atividades laborais.

Não estão computadas, portanto, as pessoas que desistiram de procurar empregos, consideradas desalentadas.

Ou por serem aposentadas e deixaram em definitivo de buscar novas oportunidades.

Ou seja, por não quererem, poderem ou não conseguirem uma atividade financeira complementar.

No entanto, passado o período mais crítico da pandemia, o cenário melhorou.

Aliás, registrou o menor índice entre as regiões paulistas na relação entre o porcentual de ocupados e a população em idade de trabalhar (acima de 14 anos).

Antes da pandemia, este percentual era de 60,1%.

No primeiro trimestre deste ano, 58% – idêntico à região do ABCD (entorno metropolitano oriental), o menor índice entre as 11 localidades analisadas.

Na média estadual, o índice chega a 61%.

“O pico do desemprego se acentuou em 2014 na Baixada Santista. Hoje, o cenário se estabilizou, mas não houve a recuperação do nível de ocupação pós-pandemia”, enfatiza o pesquisador.

Comparação desfavorável

“A comparação entre o período é desfavorável à região”, atesta.

Não é à toa que a Baixada Santista carrega a segunda maior taxa de desocupação – ou seja pessoas que estão totalmente fora do mercado de trabalho, por opção ou não.

O índice chega a 11,7%, um pouco melhor que no período pré-pandemia, quando era de 13,3%.

Pior? Só a região do ABCD e entorno, com 13,8%.

“Isso demonstra se o mercado está atrativo ou não. Reflete no dinamismo da economia e falta de oportunidades no mercado de trabalho local”, salienta.

Ele cita o caso da Região Metropolitana de Campinas, que está com o mercado plenamente ativo na geração de oportunidades no momento.

Ou seja, como mostram os números, em contrapartida à Baixada e ABCD e entorno, as menores taxas ocorrem justamente nas regiões onde o nível de ocupação é crescente, como Campinas (64%).

Lá, a taxa de desocupação é de 6,6%.

Taxas de participação

Outra taxa analisado pelo economista refere-se às taxas de participação, ou seja o percentual de ocupados e desempregados em relação à população em idade de trabalhar (acima de 14 anos).

A média do primeiro trimestre deste ano (a mais recente) é de 66,6% no estado.

Ou seja, 2 em cada 3 pessoas participam ativamente do mercado de trabalho como ocupadas ou desempregadas (muitas vivem de bicos, por exemplo).

Na Baixada, o índice é de 65,4%, idêntico ao Vale do Paraíba e Litoral Norte.

“Esta taxa mostra o ânimo ou desânimo das pessoas em busca de oportunidades em busca de trabalho ou fonte de renda”, explica.

Ele ressalta que a Baixada Santista tem elevada concentração de idosos. Vários deles estão inativos, mas continuam trabalhando.

“No entanto, existem ou que estão inativos por opção pois não desejam mais trabalhar, ainda que aposentados. Isso pode estar embutido nestes números, mas não estamos considerando aqui”.

Outro ponto importante que o pesquisador enfatiza é a importância de se incentivar na economia do cuidado.

Perda na indústria

“A Baixada Santista perdeu participação no emprego industrial, mas isso não é um desastre se isso for substituído por outras atividades, como voltando sua economia para a área de serviços”, enfatizou.

Por exemplo, cita – além da economia do cuidado, com atendimento especial à terceira idade, há a questão da bieconomia, ecoturismo e também a tecnologia.

“A Baixada Santista oferece condições para quem procura qualidade de vida. E para quem trabalha na área de tecnologia, as condições são naturais para isso. Se houver estrutura tecnológica, com sinais de telefonia, internet e wi fi nas cidades, é um claro atrativo para o trabalho a distância”, enfatiza.

Economista Alexandre Loloian destacou que a Baixada Santista está se destacando cada vez mais na área de serviços, cuja média supera em 10 pontos percentuais a média paulista. Foto: Reprodução/Jornal Enfoque

Empregos formais

Outro indicador à parte – que não faz parte do estudo, mas serve para entender o cenário

“A Baixada tem altíssimo percentual de serviços, em razão do Porto e Turismo. Porém, muitos não têm carteira assinada”, salienta.

Do pouco mais de 1 milhão de pessoas economicamente ativas na região, 356 mil tem carteira de trabalho – cerca de 1/3 do total.

Isso explica portanto, a disparidade entre pessoas que trabalham na iniciativa privada (dados do Caged), do Ministério do Trabalho e os demais profissionais (servidores públicos, aposentados que ainda trabalham, autônomos, MEIS e os que vivem de bicos, por exemplo), contribuem para a circulação de receita na região.

Além disso, conforme o pesquisador, pelo menos 250 mil pessoas (1/4 do total) que estão ocupadas, mas reconhecem que trabalham menos que gostariam (caso de uma diarista que não tem toda sua agenda preenchida, por exemplo)

“Há necessidade de criar mecanismos para incentivar as pessoas para ocupar mais tempo dentro do seu trabalho”, salienta.

A boa notícia é que o cenário tem melhorado.

Assim, a taxa de desemprego era de 11,7% (1º trimestre/23) e caiu para 9,1% (2º trimestre/23).

No Brasil, a média é de 8%  ao longo do segundo trimestre.

Confira a entrevista completa

 

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