Quase dois anos após sua inauguração, a Fundação Parque Tecnológico de Santos tem um amplo desafio pela frente.
O objetivo é criar condições e iniciativas para atrair empresas, pesquisadores e investidores que apostem na tecnologia como fonte de geração de empregos e negócios para o Município.
Assim como para a Baixada Santista.
O desafio não é pequeno.
Afinal, a própria sede, em um belo prédio de 7 mil metros quadrados, na Vila Nova, em Santos, espalhados pelos seus sete andares, só tem cerca de 800 m2 ocupados. (confira o vídeo abaixo)
Portanto, pouco mais de 10% do total da área construída.
Ínfimo diante das demandas e potencialidades tecnológicas que a região representa por abrigar o maior Porto da América Latina e contar com um volume considerável de instituições de ensino superior públicas e privadas que lançam anualmente no mercado milhares de jovens.
E que sem chances e espaços na região, acabam deixando a Baixada Santista em uma busca de novas oportunidades.
No cargo desde fevereiro do ano passado, o advogado Gabriel Miceli atua como diretor técnico da fundação.
Ele participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias desta quinta (18), onde relatou as ações que estão ocorrendo para melhorar e alavancar as atividades.
“Estamos desenvolvendo o Hub de Inovação”, explica.
Ou seja, transforma o parque santista em um polo que centralize as potencialidades tecnológicas que a região possui.

Diretor do Parque Tecnológico de Santos, Gabriel Miceli, fala das ações para melhorar o funcionamento do espaço, que necessita de mobiliário, pessoal e maior apoio público e privado. Foto: Jornal Enfoque/Manhã de Notícias-Reprodução
Parque Tecnológico e seus desafios
No entanto, Miceli corre para desvencilhar o emaranhado burocrático que o órgão ocupou durante os últimos anos, onde indicações políticas se sobrepuseram às técnicas e o foco era apenas o prédio em si – sem levar em conta os preparativos para efetivamente ocupá-lo, como investimentos em pesquisadores, estrutura e ações para captação de projetos.
Diante deste cenário, a Cidade pode ter perdido o ‘bonde da história’ em relação a outras regiões do estado de São Paulo e do País.
Casos de São José dos Campos e Piracicaba, apenas para ficar em alguns exemplos recentes.
Ambas tem relação direta com universidades públicas, como o ITA e Esalq, respectivamente.
Ainda mais em razão da pandemia, onde os investimentos tecnológicos aceleraram.
Afinal, hoje o parque tem apenas um funcionário cedido pela prefeitura.
Serviços jurídicos e contábeis são terceirados, por exemplo.
A fundação tem um montante de R$ 1,5 milhão de recursos anuais (até julho, havia consumido R$ 879.710,00 no pagamento de salários de seus diretores, manutenção e custeio).
Quase 14 vezes menos que o investimento da prefeitura de São José dos Campos.
Lá, o orçamento deste ano foi de R$ 3,041 bilhões.
Em Santos, R$ 3,7 bilhões, entre administração direta e indireta.
Portanto, questão de prioridade na geração de empregos e negócios.

Imóvel foi entregue em outubro de 2020, mas apenas 10% está ocupado Foto: Divulgação
Parcerias
Assim, parcerias têm sido firmadas para recuperar o tempo perdido, como Senac, Senai e instituições de ensino.
Mas a necessidade passa inclusive pelo mobiliário, pois em razão do tamanho da edificação, as salas e espaços estão vazios.
“Pretendemos estar com o auditório mobiliado até o final do ano”, crê.
Para tal, serão necessários R$ 5 milhões, estima.
Cerca de 20% virão de edital vencido pelo parque oriundo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (R$ 500 mil) e pouco mais de R$ 400 mil de emendas parlamentares do deputado Kenny Mendes (PP).
O restante virá da iniciativa privada por meio de um Trimmc, uma espécie de compensação por obras de expansão.
Além do mobiliário, Miceli aposta nas parcerias firmadas, como o programa Start, junto ao Sebrae, que conta com 32 empresas; e outro projeto exclusivo para o Porto, com 20 outros empreendedores.
Além da segunda fase do programa Start, que abrirá mais 10 vagas, cujo edital será lançado nas próximas semanas.
De forma paralela, o espaço já está sendo ocupado para ações como o programa Cérebro Ativo, de inclusão digital para a terceira idade usando games digitais.
Novidade
Assim, a expectativa do dirigente é que quando o mobiliário estiver instalado, as instituições conveniadas, públicas e privadas, poderão selecionar Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) considerados empreendedores para serem apresentados a uma banca de profissionais no próprio espaço e criar uma sinergia para colocar em prática propostas acadêmicas.
“Nossa ideia é termos um calendário para apresentações de TCCs com bases científicas e inovadoras”, salienta.
Dessa forma, indagado se a Agem e o Condesb já procuraram a Fundação para firmar parcerias de projetos tecnológicos visando o atendimento às prefeituras da Região Metropolitana da Baixada Santista, Miceli reconheceu que os contatos foram feitos, mas não evoluíram, o que ele lamenta.
“É possível criar um fluxo de direcionamento de ideias e atender a região”.
Assim, outro desafio é lidar com um parque tecnológico dependente de recursos públicos, na contramão do que existe espalhado pelo País.
“Nós temos que promover o desenvolvimento econômico, mas com a inclusão social”, enfatizou.
No entanto, ele reconhece que esta possibilidade pode ocorrer no futuro.
“A gente pode e deve discutir este modelo a medida que isso vai avançando”, diz.
Programa completo
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