A campanha de vacinação contra a febre amarela se estendeu em várias partes do estado de São Paulo. Por conta dos recentes dados divulgados pela Secretária Estadual de Saúde, especialmente na Baixada Santista. A nova previsão de prazo vai até 2 de março.

Durante a campanha de vacinação, 100 mil santistas já foram vacinados em Santos, mas índice permanece bem abaixo do ideal, segundo profissionais da Saúde
Mesmo com a intensificação e prolongamento da campanha – que deveria terminar no último sábado (17), a desinformação, agravada com os boatos nas mídias sociais, assusta a população. É provável que esse fator seja o principal motivo que está influenciando com que a campanha de vacinação tenha gerado uma procura pela vacina abaixo do esperado.
Assim acredita o médico infectologista Evaldo Stanislau, que também critica a atuação do próprio governo.
Segundo o profissional, os boatos só existem porque o governo se omitiu. ‘’Deveria ser convocado uma cadeia de rádio, TV, e propagandas massivas em rede sociais para desmentir, explicar e intensificar que a vacina é segura. Não devemos temer a vacina, mas a doença. Santos e o estado de São Paulo são áreas de risco, pois o vírus está circulando. Temos que evitar que ele se espalhe pela região”, destacou.
Outro fator que é um prejuízo para a campanha, de acordo com Stanislau, é a burocracia e o despreparo dos profissionais nos postos de saúde. “Idosos representam mais de 20% da população em Santos. Limitar a vacina para quem tem pressão alta ou diabetes é uma bobagem’’.
Em um momento como o atual, a campanha de vacinação deveria facilitar o acesso a vacina. “A permissão médica (para maiores de 60 anos) solicitada não deveria ser um requisito. Essa análise deveria ser feita momento antes da aplicação pela equipe de saúde local’’.
A meta da campanha de vacinação esperada para a Baixada Santista é baixa. O esperado era que cerca de 1,5 milhão de pessoas fossem imunizadas ao vírus. No entanto até o dia 19 apenas 352.375 mil pacientes foram vacinados, o que equivale a 23,1% da meta estipulada pelo governo.

Quadro de contra indicações para vacinação
Somente em Santos foi calculado que pelo menos 420 mil pessoas deveriam ser imunizadas, porém até a quarta-feira (21), só 95.960 foram vacinadas, o que representa 22,8% dos moradores.
O aposentado Marcio Neves, de 79 anos, é uma das pessoas que faz parte do grupo de não vacinados. O idoso afirmou que não tomou a vacina por causa da orientação dada pelo seu cardiologista, “Consultei meu médico. Ele disse que se eu não fosse viajar para uma área de risco não seria necessário tomar a vacina”.
Apesar da orientação médica, Neves acredita que todo cuidado com o mosquito é pouco. ‘No momento estou tomando vitamina B12, usando spray contra o mosquito e passando repelente ’’.
O estudante de Direito, Guilherme Paz, de 17 anos, foi tomar a vacina na policlínica do Embaré na quinta-feira (22). O jovem explicou que permanecia receoso por conta das divulgações de casos de pessoas que sofreram com o efeito adverso da vacina. E só foi ao posto se imunizar a pedido da mãe. “Na internet, as pessoas estão divulgando conteúdos que não dá para saber se são boatos”.
A jornalista Rosana Lina, de 44 anos, moradora de Bertioga, afirmou que já tomou a vacina anos atrás, mas estava com medo de levar a filha de 3 anos para se vacinar. Ela se baseou no caso do garoto que faleceu em Osasco, pois ele tinha a mesma idade que sua filha. Após pesquisar, Rosana explica que entendeu a importância da vacina e a levará para se imunizar.
Dúvidas comuns
O infectologista Evaldo Stanislau explica que a vacina fracionada aplicada tem duração de 8 anos. Após a validade há a necessidade de ser tomada novamente. Em casos de viagem para áreas de risco ou países que exigem, será necessário tomar a dose plena. Mas caso isso demore para ocorrer, ele recomenda que a pessoa seja vacinada com a dose fracionada. E depois, com a confirmação da viagem, voltar ao posto para tomar a dose plena. Para os pacientes que não lembram se já tomaram a vacina anos atrás, a indicação do médico é de que tome novamente.