A implementação da Onda Verde é um dos temas mais comentados pelos santistas, especialmente os motoristas, mas afinal do que se trata o termo?
Segundo o presidente da Companhia de Engenharia de Trânsito (CET-Santos), Antonio Carlos Gonçalves, existem 331 cruzamentos semaforizados na Cidade. Antes eles eram de fibra ótica, que enviava um sinal para CET-Santos ou Centro de Controle Operacional (CCO) da Prefeitura.
Assim, a CET fazia esse monitoramento à distância. Para qualquer intervenção que precisasse ser feita em uma caixa semafórizada a empresa tinha que ir ao local.
Como funciona agora?
“Mudamos a tecnologia. Agora é um molden. Ele fica na caixa. Assim, o sinal é por um chip de celular que está na caixa. Nós conseguimos fazer a maioria das adequações à distância no CCO da Prefeitura ou da própria sede da CET”, explica.
Porém, também existem casos em que há necessidade de um agente de trânsito precisar se deslocar. Quando, por exemplo, há algum fato atípico. Gonçalves cita, por exemplo, que na última semana houve o caso de furto de cabo em caixa semafórica. “Isso não tem como fazer à distância. Precisa ir ao local e realizar o trabalho”, explica.
Onda Verde
Ele aborda que já está praticamente finalizada a implantação do conceito de instalar a Onda Verde, com a colocação dos moldens, do chip do celular e o controle pelo CCO. Contudo, a principal alteração é o tempo do ciclo semafórico. “Isso é o ciclo do tempo que você para no semáforo para completar o ciclo semafórico. Por exemplo, estou em uma via. Ela abriu o sinal verde para mim. Para ela voltar a ficar verde para mim, ela vai passar pelo vermelho e depois voltará ao verde. Esse é o ciclo. Para isso, nós aumentamos em 180 segundos por cruzamentos”.
Ele informa que estão sendo priorizados os principais corredores, como as avenidas dos canais, além das seguintes vias: Ana Costa, Conselheiro Nébias, Afonso Pena, Pedro Lessa, Epitácio Pessoa, toda extensão da orla, Rua João Pessoa, e avenidas Nossa Senhora de Fátima, e Jovino de Mello, na Zona Noroeste, entre outros.
Com as prioridades para esses corredores, isso oferece uma saída no trânsito. Ele menciona que o maior volume de veículos estão nestes locais. “Com isso, as pessoas estão parando nas transversais. Imagina que é um T. Você tem um corredor e a transversal que vai cruzar com o corredor. Elas estão esperando mais tempo na transversal. Por exemplo, em uma Avenida Ana Costa, o verde para ela está em torno de 90 segundos. Em alguns locais chega a 100 segundos. Assim, com 90 segundos de tempo na Onda Verde ali, significa que a pessoa na transversal está esperando um minuto e meio”. Antes, o condutor esperava por volta de 40 segundos, mas ele não tinha o sincronismo na avenida. Com isso, estão sendo feitos os ajustes no tempo das transversais.
Transversais
O presidente da CET menciona que tem reparado que algumas transversais, conforme o local, possuem uma demanda de trânsito menor. “Por exemplo, na Ana Costa você tem um desafio grande que é a Rua Carvalho de Mendonça, a Rua Espírito Santo, a Barão de Paranapiacaba e a Rua Joaquim Távora”.
Assim como a Rua Goiás, Rua Luiz Suplicy, Rua Tolentino Figueiras, Rua Azevedo Sodré, todas transversais. Apesar da Azevedo Sodré ser uma rua transversal, ela passa pela avenidas Ana Costa, Washington Luís e Conselheiro Nébias. “Ela é um corredor também, porque ela é a continuação do binário (José Menino/Ponta da Praia), então nesse trecho o tempo de abertura é diferente do restante que tem um volume de trânsito menor”.
Assim, apesar da Luís Suplicy ser paralela com a Azevedo Sodré, por exemplo, ela tem um volume de trânsito muito menor que a Azevedo Sodré, onde passam menos veículos nela do que na Azevedo. “Porém, não pode ficar um corredor verde e outro vermelho, que era um ponto em que as pessoas reclamavam anteriormente. Então, no momento, está sendo implantado esse conceito de ajuste das transversais”.
Semáforos
Segundo matéria publicada pelo Jornal da USP com o professor da Escola Politécnica (Poli) da USP, Marcelo Zuffo, a programação dos semáforos convencionais é inadequada para a dinâmica atual das cidades, onde o fluxo de trânsito se diferencia ao longo do dia e necessita de flexibilidade.
Portanto, os semáforos inteligentes, ajustam-se de acordo com o trânsito do momento, concedendo uma gestão mais eficiente, que beneficia toda a cidade, seja em uma escala considerada local, uma única interseção ou global.
Os semáforos podem se adaptar aos tempos de cada indivíduo, localizando cenários de pessoas com deficiência e ajustando o tempo semafórico às suas restrições.
Assim, a tecnologia vai além da melhoria no trânsito de veículos, auxiliando também para uma inclusão na mobilidade. E outro ponto importante é o potencial de redução de acidentes urbanos.
Mudanças
Um dos corredores de tráfegos que passou pela modernização dos semáforos e implantação da Onda Verde, a Avenida Pedro Lessa é uma das vias com melhores resultados com a medida. Dados do acompanhamento feito pela CET-Santos mostram que a velocidade média de tráfego variou de 19,8 km/h para 39,2km/h, correspondendo a aumento de 97%.
A melhora da velocidade média reflete nas condições de fluidez nos quase três quilômetros da avenida, desde a Rua Cipriano Barata, na Ponta da Praia, ao outro extremo junto à Avenida Siqueira Campos (canal 4), no Embaré, e vice e versa.
Tanto que o tempo gasto no percurso completo da avenida de 24 cruzamentos, dos quais 10 são semaforizados, agora pode ser feito em 4 minutos e 31 segundos, contra os 8 minutos e 56 segundos gastos antes da implantação da Onda Verde.
Pontos críticos
Sobre a análise dos pontos críticos, o presidente lembra que trata-se do tempo da espera, a Onda Verde está garantida. Basta escolher qualquer percurso onde é possível notar uma sequência de sincronismo semafórico. Ainda na sede da CET, há um painel instantâneo que mostra como estão todos os semáforos no momento. Então, por exemplo, em algum trecho da Ana Costa que está com uma Onda Verde e no meio do percurso há um sinal vermelho, seguido por mais dois trechos verdes e outro vermelho na sequência, sinal é que há algo errado.
A partir disso, é possível resolver essa situação da sede da CET. “O que detectamos foi que nos cruzamentos da Avenida Ana Costa com a Rua Carvalho de Mendonça, Rua Espiríto Santo e na Barão de Paranapiacaba deram problemas. Na Ana Costa, são 20 cruzamentos semaforizados e esses três tiveram problemas”, explica.
Na orla da praia são 34 cruzamentos. “Tivemos problemas em dois cruzamentos. No da Rua Oswaldo Cruz e a conversão com o Canal 2. Só que esses são cruzamentos de corredores com transversais. Existem cruzamentos que são transversais com transversais e o desafio está nesse fator”.
Toda a cidade
A sincronização semafórica foi implantada pela CET em toda Cidade, contemplando cerca de 20 corredores de maior demanda de tráfego: praia, entre Divisa e canal 7; binário (José Menino/Ponta da Praia), entre canal 2 e Rua Inglaterra; binário (Ponta da Praia/José Menino), entre canal 6 e canal 2; Avenida Ana Costa, entre Praça da Independência e Avenida Rangel Pestana; Avenida Martins Fontes (incluindo as avenidas Getúlio Vargas e Visconde de São Leopoldo); Avenida Afonso Pena, entre Silva Jardim e canal 5, e Avenida Pedro Lessa, entre canal 4 e Cipriano Barata (próximo ao porto).
Mais: Avenida Washington Luís (canal 3), entre a Rua Galeão Carvalhal e Rua Almeida de Morais; Avenida Conselheiro Nébias, entre Avenida Epitácio Pessoa e Rua Luiz Gama; Rua Campos Melo, entre Avenida Afonso Pena e Luiz Gama; Avenida Bernardino de Campos (canal 2), entre Avenida Floriano Peixoto e Rua Carvalho de Mendonça (VLT ainda não).
E ainda: Avenida Pinheiro Machado (canal 1), entre Rua João Caetano e Rua Carvalho de Mendonça; Avenida Moura Ribeiro, entre Rua Godofredo Fraga e canal 1; Rua Carvalho de Mendonça, entre Rua Alfredo Albertine e canal 1; Avenida Senador Feijó, entre Avenida São Francisco e Avenida Francisco Glicério; Rua Joaquim Távora, entre canal e Avenida Ana Costa; Rua João Pessoa, entre Rua Dr. Cochrane e Praça dos Andradas; Avenida Rangel Pestana, entre Rua Braz Cubas e Avenida Ana Costa, e Rua Amador Bueno, entre Praça dos Andradas e Rua Braz Cubas. Com os equipamentos funcionando em rede sincronizada, os técnicos da CET seguem fazendo medições e ajustes em alguns cruzamentos ao longo desses corredores.
*Com informações do Jornal da USP
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