A palavra “benzer” vem do latim “bene dicere”, que significa “bem dizer”: dizer bem de alguém, e fazer o bem.
Na infância, minha mãe nos levava, em situações de “olho gordo”, tristeza e outras mazelas, à dona Maria do Bombeiro. Idosa, parda clara, pele com rugas e vasta cabeleira presa para trás, ela nos recebia a qualquer hora do dia. Subíamos uma escada de seu casarão, e, na varanda, tudo pronto para o ato de benzer.
De pouca comunicação, ouvia a queixa e dava início à fala em voz baixa, como um sussurro hipnotizante, ora com sete folhas de ervas, ora com um graveto em brasa, ora usando uma linha de seu novelo.
Nós, crianças menores ou de colo, já anestesiadas pela doce sonoridade das rezas misturadas ao odor das ervas (alecrim ou rosmarino, losna, guiné, manjericão, hortelã e arruda), recebíamos os toques de mãos que, com muita habilidade, nos tiravam de angústias e sofrimento.
Para os estudiosos do espiritismo, as benzedeiras são veículos de emissão energética com forte poder de recuperação ou cura. Hoje, século 21, a prática já foi reconhecida também pelo Vaticano e defendida pela Organização Mundial da Saúde como importante estratégia terapêutica.
É marcante a melhora de certas situações quando a medicina não obtém sucesso ou explicações.
É a concepção de corpo e alma, concretizando uma visão mais humanista e universal do homem e do mundo.
Bruno Pompeu é médico e escritor
Originalmente publicado em Facebook/Humanos de todos os santos.
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