$ 26.343.300 milhões foi a renda do primeiro jogo da final da Copa do Brasil, entre Flamengo x São Paulo, que aconteceu no último domingo (17), no estádio do Maracanã.
Com o ingresso mais barato custando R$ 400 (inteira) para não sócio, o clube da Gávea conseguiu arrecadar uma quantia milionária para os cofres.
Vale destacar que este cenário não é exclusivo do Flamengo ou de finais.
Pelo contrário, nos últimos anos, o preço do ingresso tem afastado as camadas mais pobres da sociedade das arquibancadas.
Para se ter uma ideia deste panorama, o ticket mais em conta no jogo entre Atlético/MG x Botafogo/RJ pelo Campeonato Brasileiro, que aconteceu na Arena MRV, foi de R$ 300 (inteira) para não sócio.
Ou seja, um atleticano ou botafoguense que foi ao estádio deixou mais de 20% do salário mínimo em uma partida. Outros clubes da Série A como o Athletico Paranaense, Coritiba e Palmeiras também colocam o preço dos ingressos nas alturas para o torcedor comum.
A tentativa de fidelizar a paixão do torcedor para ele virar sócio é válida.
No entanto, na maioria das vezes, mesmo com a vantagem de descontos, o fã mais pobre ainda não consegue comprar o ingresso.
A falta de ingressos populares é preocupante para o futebol do País, afinal sem a paixão dos torcedores mais pobres, os estádios perdem a alegria.
Além do valor do ingresso, os torcedores ainda têm outras despesas no dia do jogo, como transporte e alimentação, sobretudo se levar o filho ou alguma criança.
Isso sem falar das camisas oficiais que custam mais de R$ 250, seja na loja física ou online.
Diante dos fatos, o trabalhador acaba escolhendo colocar a comida na mesa e pagar uma conta essencial do que ir ao estádio.
Falta empatia aos dirigentes que não enxergam a realidade das comunidades. Basta ir em qualquer lugar mais humilde para perceber o sonho de qualquer criança apaixonada por futebol em torcer no estádio. Mesmo assim, os mais fanáticos acabam fazendo dívidas e loucuras tudo para acompanhar o clube do coração.
O futebol desenvolve um papel social fundamental na vida das pessoas.
Assim, afastar as minorias, com justificativa do interesse da renda, é um erro.
Em um estádio de futebol existe espaço para camarotes, cadeiras, arquibancadas e um setor popular.
Dessa forma, é possível balancear o lucro da bilheteria, com a presença de todas as camadas da sociedade.
Por fim, é importante frisar que a maioria dos estádios no Brasil são arenas modernas.
Contudo, nossa realidade ainda é distante dos padrões da Europa, por diversos fatores. E se nada for feito, continuará sendo.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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