Relacionamentos destrutivos transcendem o sexo, aliás, esses aspectos são muito mais comuns na vivência do dia a dia. Independente da orientação sexual, os tipos de relacionamentos neuróticos ainda existem às pencas, em nome do amor que suporta, do amor que a tudo supera um amor idealizado, que na prática só rima com dor, ainda vemos e assistimos histórias difíceis de acreditar.
Gostaria de discorrer sobre um aspecto sensível, difícil de entender que é a cumplicidade do agredido com o agressor como fator de perpetuação dessa situação, ousarei ter um olhar menos condescendente com a vítima, pois ao justificar, entender ,ter paciência acaba não deixando que o agressor entre em contato com a barbárie cometida na medida em que o agredido, homens ou mulheres, homos ou heteros estarão de certa forma alimentando o próximo soco,grito,empurrão ou, quiçá, tiro.
Em quase todas as histórias de crimes ditos passionais, sim, pois paixão não é mania ou doença, paixão é antes de tudo encontro alvoroçado numa mesma sintonia de busca e desejo, mas como eu dizia em quase todos os crimes em nome do amor ou da paixão, nunca houve a surpresa do primeiro episódio de agressividade. Na sua maioria eram relações pontuadas por pequenos,médios ou grandes gestos de agressividade.
Portanto, vale chamar a atenção para a questão de dar visibilidade à agressão, mostrar para o agressor e para o mundo a marca da agressão, concreta, quer seja o roxo da perna, o vergão das costas, o que não se pode fazer é esconder, negar por vergonha e pior de tudo esquecer em troca de um pedido de desculpas o desrespeito hediondo da agressão em nome da qualidade de uma relação.
Até aqui falei genericamente das agressões físicas, mas essas de certo modo, apesar de cruéis, são as mais fáceis de se reagir. Outros tipos de agressão tão sutis que ao invés de matar com o tiro certeiro tem mais o papel da tortura chinesa aonde se vão minando as forças, o amor próprio e a autoconfiança.
E muito mais do que a morte com a parada cardíaca entra-se em contato com a morte da crença em si mesmo e do auto amor. Qual a solução para não se permitir dormir com o inimigo e deixá-lo velar seu sono?Atentar para as mensagens sutis e as diversas formas de agressividade que permeiam as relações neuróticas, o poder total sobre os pensamentos e sentimentos, nessa busca insana, é comum que progressivamente haja um afastamento de tudo o que é significativo e importante, gerando uma total dependência que é muito mais torpor que escolha.
Essa dinâmica é muito comum e quase corriqueira, portanto encoberta com o véu da normalidade, mas que evolui facilmente para cenas de intimidação, autoritarismo, destruindo toda e qualquer possibilidade de ser inteiro(a) e independente, portanto, livre.
E o que é a vida sem liberdade de ser, pensar, querer e agir??
O casal ideal é aquele em que o espaço para as individualidades seja respeitado, para assim ter-se a possibilidade de um terceiro elemento indispensável que é a relação em si.
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