O novo método de cálculo dos preços dos combustíveis adotados pela Petrobras, anunciado esta semana, revela ter como principal objetivo encerrar a subordinação dos valores internos à paridade internacional, que tomava como base as variação do dólar e dos preços do barril de petróleo praticados no mercado externo.
Sob a justificativa de estar redirecionando a Petrobras para atender aos interesses do País, o Governo Federal, acionista majoritário, ainda carece de melhor detalhar como se dará a nova composição de preços com maior transparência.
Isso porque há ainda muita desconfiança sobre políticas estatizantes, especialmente no Brasil, onde se revelaram ineficientes e inoperantes em vários segmentos produtivos e de prestação de serviços essenciais.
Há, no entanto, de se reconhecer que o modelo nacionalista adotado no setor petrolífero brasileiro, mesmo prejudicado pelos casos de corrupção, mostrou-se, ao longo das últimas décadas, extremamente eficiente para realizar os investimentos necessários para o crescimento do setor.
O momento, no entanto, requer prudência e uma análise mais abrangente das consequências futuras que poderão resultar da adoção de ações precipitadas e expectativas superdimensionadas em relação aos benefícios reais que a nova política de preços irá produzir.
Isso porque, paradoxalmente, as riquezas resultantes das indústrias petrolíferas denotam uma oportunidade de caráter imediatista, uma vez que representam a sobrevida a uma base energética condenada por ser uma das principais responsáveis pela degeneração progressiva do planeta, por meio da emissão dos gases que ajudam a ampliar os danos provocados pelo efeito estufa.
Nesse sentido, mais do que utilizar políticas de preços para ajudar a economia interna e ao atendimento às demandas sociais, é extremamente importante assegurar a saúde financeira da Petrobras, para que ela se transforme em agente de fomento às novas tecnologias que venham, em um futuro próximo, substituir o uso do petróleo e seus derivados.
Da mesma forma, torna-se prudente desconsiderar as retóricas ufanistas que, invariavelmente, têm permeado os debates sobre a questão, pois em nada têm contribuído para a formação dos conceitos necessários à tomada de decisões coerentes e adequadas aos interesses da sociedade brasileira.
Espera-se que, desta feita, os novos direcionamentos na condução da Petrobras evitem os erros cometidos em passado recente que geraram grandes prejuízos à empresa, garantindo assim a eficiência e o equilíbrio necessários para conseguir efetivamente reverter os lucros obtidos em benefícios à população.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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