Os ataques realizados por criminosos ocorridos no Rio de Janeiro, que resultaram na destruição de 35 ônibus e impactaram severamente o funcionamento do comércio e escolas, é mais uma triste constatação do poder exercido atualmente em áreas dominadas por grupos de milicianos e traficantes de drogas, principalmente em morros e áreas periféricas.
Ocupando posições estratégicas e, na maioria das vezes, dispondo de modernos sistemas de informação, as quadrilhas demonstram grande poder de fogo e a firme disposição de resistir à atuação da polícia, colocando em dúvida a real capacidade do Estado no combate à criminalidade.
Utilizando eficientes sistemas de lavagem de dinheiro e equipadas com modernos armamentos, muitos deles utilizados em guerras convencionais, esses grupos transformaram regiões em verdadeiros guetos, comunidades dominadas e geridas por leis próprias, com acesso restringido e controlado, à margem das leis e regras que normatizam a vida em sociedade.
Assim, controlam o fornecimento de serviços básicos, horários de comércio e funcionamento de unidades educacionais.
Durante décadas, é bom que se ressalte, as facções foram fortalecidas pela negligência das administrações públicas, omissas no atendimento das demandas sociais e condescendentes com a inserção do crime em esferas do poder constituído, por meio da eleição de representantes políticos e pela prática recorrente de atos de corrupção envolvendo juízes, promotores, diretores de presídio, delegados e policiais.
Tamanho grau de organização e nível de ingerência na vida sociedade impõe, no atual momento, muito mais do que periódicas ações policiais isoladas, método que se mostra como mero paliativo diante da dimensão que o problema já alcançou.
Nesse sentido, torna-se imperiosa a adoção de medidas vigorosas para o restabelecimento do poder do Estado, por meio de intervenções e permanência das forças militares nas áreas dominadas pelas quadrilhas.
Da mesma forma, é igualmente relevante introduzir as medidas sociais necessárias para reconquistar a credibilidade junto as populações residentes nas localidades ocupadas pela criminalidade.
O avanço do crime é uma dura realidade vivida por inúmeras cidades brasileiras e, por isso, já faz por exigir a mobilização e união de esforços nas esferas municipais, estaduais e Federal visando inibir o crescimento do crime organizado, utilizando todos os meios disponíveis para tanto.
Essa é, sem dúvida, o desejo da maioria dos brasileiros e, por isso, contará com o apoio irrestrito dos que desejam um País seguro e solidário para as futuras gerações.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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