A manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, estabelecido pelo Comitê de Política Monetária (Copom), mais uma vez comprova a disposição de se manter no País a política monetária conservadora que, ao longo das ultimas décadas, tem sido usado como principal antídoto para o controle da inflação.
Se, por um lado, essa política até agora obteve sucesso na contenção dos ímpetos inflacionários, por outro ela tem servido como freio à expansão do consumo interno e, cada vez mais, se revela um forte obstáculo à criação de estímulos duradouros para o crescimento da economia, inibindo a geração de novos postos de trabalho e dificultando sobremaneira a ascensão das camadas mais pobres da população a patamares de renda superiores.
É justificável o temor de que o País possa, novamente, reviver períodos de descontrole de preços, em razão do desequilíbrio entre as demandas de consumo e a capacidade de oferta de produtos e serviços.
Contudo, o zelo demonstrado pelo Copom lança dúvidas sobre a iniciativa do Banco Central em manter-se fiel a um processo que, ao final, resulta em relfexos negativos em todos os setores da cadeia produtiva.
Sob a premissa de obrigar-se à prática de um mal necessário, o Copom insiste em tratar a enfermidade inflacionária com paliativos, desprezando a necessidade de o País equilibrar a retomada do consumo doméstico com o aumento de investimentos produtivos.
Da mesma forma, desconsidera a urgência de o Governo retomar medidas de ajuste fiscal, reduzindo os muitos gastos supérfulos existentes nas esferas administrativas governamentais e o visível inchaço das máquinas públicas, que tornam extremamente exagerado o peso da carga tributária atribuído às empresas e aos trabalhadores para fazer frente a todas essas despesas.
Nesse sentido, torna-se imprescindível acelerar as discussões para colocar em curso a tão almejada – e sempre adiada – reforma tributária, com a introdução de novos conceitos para tornar arrecadação de impostos mais equânime e justa.
É mais do que hora de se promover a desoneração das atividades produtivas, especialmente das micro e pequenas empresas, que respondem pela manutenção da maior parcela da mão-de-obra ocupada do País.
É hora de cobrar a devida contrapartida dos segmentos especulativos e financeiros, que nada ou muito pouco oferecem para compensar os ganhos fáceis obtidos com a prática recorrente de juros abusivos.
O fortalecimento do mercado de consumo interno resulta em ganhos sociais relevantes à população, por isso não pode ficar à mercê apenas de uma tecnocracia monetária.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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