Colocada à margem do processo eleitoral dos futuros representantes dos poderes executivos Federal e estaduais, a escolha dos candidatos aos cargos legislativos reveste-se de extrema importância e, por isso, deveria receber maior atenção do eleitorado.
Pelo que viu até aqui, o próximo pleito a ocorrer em outubro deverá repetir um enredo conhecido, confirmando a imensa distância que separa os interesses dos parlamentares da sociedade brasileira.
Diante do atual momento econômico vivido no País, os custos decorrentes à manutenção das casas legislativas representam total falta de sintonia, especialmente diante de um cenário recessivo que amplia os níveis de pobreza e miserabilidade extrema das famílias brasileiras.
Além dos altos salários percebidos por deputados e senadores, com valores muito acima da média nacional, as despesas destinadas à manutenção desses parlamentares incluem ainda verbas de representação, cobertura de despesas com locação, transporte, manutenção de assessores e mordomias outras.
São muitos custos e poucos benefícios, especialmente diante do cenário preconizado para os próximos anos, que obrigará a realização de cortes orçamentários de setores relevantes e a interrupção ou adiamento de projetos essenciais para o desenvolvimento social e econômico brasileiro.
Se o custeio das instituições que alicerçam o estado político brasileiro já é por demais oneroso diante as imensas necessidades da população, mais do que nunca se impõe a necessidade de escolher candidatos comprometidos com a tarefa de promover as reformas que o País tanto espera e precisa, na qual, sem dúvida, se inclui a revisão da legislação e dos princípios que norteiam o sistema político vigente.
A experiência adquirida a partir da adoção do regime democrático torna evidente a necessidade de promover o seu aprimoramento visando a supressão das imperfeições identificadas, sobretudo no tocante ao aprimoramento das atividades legislativas.
A adoção de uma postura mais participativa da população nas decisões dos legisladores, por meio do engajamento nas entidades de classe, conselhos de moradores e organismos civis, representa o único caminho possível para recuperar a eficiência e a credibilidade dos parlamentares, maculados pelas negociatas em defesa de interesses próprios e pelos muitos casos de corrupção conhecidos.
Cobrar transparência no uso dos recursos públicos e, principalmente, fiscalizar os atos e ações dos mandatários eleitos representam, juntamente com o exercício do voto, a única fórmula realmente capaz de moralizar o atual regime político.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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