Vendo um capítulo de novela dia desses, assisti uma moça querendo arranjar marido rico de qualquer jeito, insinuando-se para aqueles que são seu alvo de sedução, e essa insinuação era para lá de vulgar, reforçando a ideia de que peitos e bundas são a porta de entrada do desejo de um homem por uma mulher e vice-versa.
Nos dias de hoje, em que se cobra dos homens barriga tanquinho e uma apresentação física muito além do natural e das mulheres quilos de silicone e uma perfeição física que chega a ser uma deformação, esse reforço de que tudo passa pelo corpo me incomodou muito e trouxe a reflexão .
Segundo o Aurélio, sexy é a pessoa que tem sex appel que na livre tradução seria apelo sexual.
O apelo sexual historicamente foi jogado na lama da sarjeta, da promiscuidade e da falha de caráter, o que ainda vemos reproduzido nesse apelo pobre e fútil de corpos e próteses. Mas se refletirmos que o desenvolvimento sexual se faz no conjunto de um indivíduo, podemos perceber que esse aspecto muito importante, foi sempre alijado da educação e do comportamento humano.
Eu diria até, sob o risco de assustar os incautos, que a sensualidade deveria estar inserida num contexto educacional, não digo educar para ser sexy, digo sim ensinar que a atração de uma pessoa pela outra está num patamar que vai muito além do corpo. Eu não seria tão purista que alienasse o corpo, mas incluiria a educação, a cultura, a postura e um não sei o quê individual que fizesse com que cada pessoa seja diferente naquilo que é mais natural dela.
As mulheres acabaram sendo as maiores vítimas dessa negação da possibilidade sensual, pois ela caminha junto com todas as proibições impostas às mulheres , na expressão de sua sensualidade por uma ordem moral imposta pela nossa herança judaico-cristã.
Aos homens, de certa forma, foram proibidas a expressão de desejos dentro de um ambiente social e familiar saudável e acabou sendo estimulada uma vivência profana, criando vícios e potencializando o apelo do proibido.
Nos dias de hoje, assistimos de muito bom grado uma redefinição dos papéis do homem e da mulher na sociedade e na família, também o vemos trazer mudanças na intimidade dos indivíduos e ser sexy de certa forma foi liberado por meio das novas possibilidades de apresentação, seja pelo vestuário, do comportamento, e isso tudo reforçado pela expressão cultural em razão das músicas e da arte em geral.
Ao se apropriar de sua própria sensualidade, homens e mulheres permitem que o sex appel seja reinventado, muito além da frivolidade ou vulgaridade, mas sim como um rearranjo daquilo que é próprio do ser desejoso, amar e ser amado.
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