A expressão de incômodo (e preocupação) do presidente Michel Temer pedindo trégua aos caminhoneiros – responsáveis pela maior paralisação que este País já assistiu nos últimos anos – se assemelha ao cidadão, acuado, que implora perdão.
Afinal, os brasileiros têm possibilidade de pedir o mesmo diante de tantos descalabros que o atual mandatário do País tem enfiado goela abaixo, a despeito da grave situação social e econômica atual?
Igualmente, não é à toa que a popularidade presidencial beira o chão a ponto de, entre idas e vindas sobre a possibilidade de tentativa de reeleição, algo natural para quem está no poder, tal cenário se parece cada vez mais distante ao presidente, atropelado por trapalhadas e reiteradas denúncias.
Na verdade, o Governo Federal não calculou os impactos decorrentes das manifestações dos caminhoneiros, que pedem uma justa revisão e interrupção dos aumentos dos combustíveis.
No popular, o governo ‘pagou para ver’.
Logo, se deu mal. Muito mal.
Liberal demais
Os burocratas de Brasília não entenderam que em um país como o Brasil, com tantas desigualdades sociais, não se pode pensar de forma tão liberal como alguns tecnocratas apostam.
Aqui não é Inglaterra, nem Estados Unidos.
Além disso, tudo nasceu com a opção da Petrobras em atrelar os aumentos do dólar e da alta do petróleo aos repasses – consecutivos e praticamente diários nas últimas semanas – na tentativa de reerguer a empresa, que voltou a dar lucro e dividendos aos seus acionistas antes do recuo a qual foi obrigada a fazer em razão da pressão pública.
Assim, esquecem os políticos e burocratas – que nem devem saber o valor do litro da gasolina, pois têm direito às cotas públicas para abastecer seus confortáveis veículos – que os brasileiros comuns dependem dos combustíveis para sobreviver e se locomover, seja no transporte público, caro e ineficiente na maioria das vezes, mas que necessita do diesel tão sobretaxado por sucessivas siglas de impostos, seja no preço do simples botijão de gás ou para atividades profissionais.
A falta de sensibilidade é tanta que o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB) resolveu deixar Brasília no olho do furacão e retornar ao seu estado natal (Ceará) para fazer política e depois relaxar, deixando de lado a votação importante sobre a redução dos impostos sobre combustíveis.
Desta forma, diante da saraivada de críticas, recuou e retornou à Capital Federal às pressas.
Em suma, esse é um dos diversos motivos que não dá para dar trégua aos burocratas de Brasília!
Portanto: o povo cansou de tanto esperar pelo cumprimento de promessas.
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