A medida em que se aproxima mais uma conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) – a COP 30 a ser realizada em novembro, em Belém, no Pará – volta ao debate a validade das metas estabelecidas para a redução gradual do uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), que visam diminuir a emissão de gases de efeito estufa, responsáveis pelas mudanças climáticas que têm impactado o planeta.
Apesar da adesão à ideia pela maioria dos países, até hoje não foi definido com clareza como será feita essa transição energética nem quais recursos financeiros serão utilizados para tanto, tornando assim inócua a proposta pela indefinição de metas reais e prazos específicos para que isso aconteça.
Nesse cenário, a posição brasileira atual se revela contraditória. Isso porque, ao mesmo tempo em que pretende liderar a adoção e desenvolvimento de novas tecnologias limpas para geração de energia, o Brasil não pretende abrir mão da exploração de novas jazidas petrolíferas, em especial a localizada na foz do rio Amazonas.
Assim, torna-se prudente uma análise mais abrangente das consequências futuras que poderão resultar da adoção de ações precipitadas e expectativas superdimensionadas em relação aos benefícios reais que o petróleo ainda pode trazer ao País.
Paradoxalmente, as riquezas a serem produzidas pela indústria petrolífera brasileira denotam uma oportunidade de caráter imediatista porque representam a sobrevida a uma base energética condenada por ser uma das principais responsáveis pela degeneração progressiva do planeta.
É preciso admitir que o petróleo continuará sendo, por um bom tempo, a principal fonte para geração de energia de inúmeras nações que ainda não dispõem de tecnologias adequadas e alternativas viáveis para a substituir totalmente os combustíveis fósseis.
Isso dá ao Brasil a possibilidade de ampliar a possibilidade de assegurar recursos para atendimento de demandas sociais e para o financiamento de novas tecnologias que venham, em um futuro próximo, substituir totalmente o uso do petróleo e seus derivados.
Mais do que adotar retóricas ufanistas ou apocalípticas,que invariavelmente têm permeado os debates sobre a questão ambiental, é preciso formar conceitos para a tomada de decisões coerentes e adequadas aos reais interesses da sociedade brasileira e à salvaguarda do planeta.
Espera-se, portanto, que desta feita o desenvolvimento dessa nova etapa pretendida pela indústria petrolífera nacional seja realizada de forma a evitar os erros do passado e permitir que a riqueza produzida beneficie as populações menos favorecidas.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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