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03 DE OUTUBRO DE 2013

Tem que ser assim

Por: admin

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Recebi de um amigo um belo texto, que recomendo, do rabino Bonder que deve estar na net com o título de traição ou apego, não sei bem. Segundo ele, o apego ameaça e violenta a integridade de um ser humano da mesma maneira que uma traição. Pelo apego quantas vezes nos traímos?
Nesse texto, ele levanta uma questão  interessante que vai muito além da traição de um por outro, tema recorrente, dolorido e cheio de contradições. Ele ressalta na sua reflexão a questão da traição por ele mesmo, aquelas pequenas coisas do dia a dia em que nos deixamos trair por posturas, silêncios ou mesmo por comodismo, além das grandes questões nas quais abrimos mão de nossos valores e nossos quereres. Essa leitura me fez fazer uma ligação direta com vários assuntos do cotidiano de um consultório de psicologia, terapia de casais e questões ligadas à sexualidade.
Quantas e quantas vezes o sofrimento humano está muito mais calcado em renúncias, malvestidas pelo manto da sublimação e do amor que de maneira obtusa interfere em muitas escolhas, o famoso e antigo “tem que”.
Tem que ser assim porque é isso que se espera que eu faça, é assim que os maridos agem, porque é isso que um filho deve aos pais, porque é assim que todos dizem ser melhor e por aí vai.
Ainda segundo o autor,“há traições pela fidelidade muito mais violentas do que traições pela transgressão”, afirmação muito pesada se considerarmos fidelidade muito mais das circunstâncias do que ao desejo e nesse sentido não falo daquela fidelidade de corpo,mas sim de alma, de conveniência sem o mínimo de contato com o que se sente, no que se acredita e no se quer viver.
No campo da sexualidade isso é muito claro, pois percebo claramente que a maioria das pessoas que têm algum tipo de conflito nessa área está muito mais conectada aos modelos externos do que a sua verdadeira necessidade e isso não ocorre no sentido da transgressão, mas da sensorialidade.
Se considerarmos a prática do sexo como uma experiência íntima e pessoal, chegamos a conclusão de que não existe modelo de prática e forma do exercício da sexualidade e ela deve obedecer apenas aos instintos e desejos, que convergem no casal que se deseja e se isso não acontecer tem espaço para a troca de informação e intimidade.
“Somos capazes de medir a última, mas poucas vezes nos damos conta da violência que impomos à nossa alma. Quantos casamentos são uma traição profunda à promessa de busca de uma vida de enriquecimento afetivo mútuo?”, diz o autor. Importante reflexão para mostrar que não se trair não tem nada a ver com individualismo, mas com construção de uma relação a dois perene ou mesmo fortuita mas que respeite cada um dos envolvidos.
Ao fim desse texto percebo que muito além de refletir sobre traição ou apego,também  falo mais uma vez da necessidade de redefinição dos papéis masculino e feminino na sociedade,na família. Esse é o caminho de cura da sociedade que tantas vezes criticamos, o respeito pela individualidade visando uma comunhão de sentimentos e valores.

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