As Vias da Orla (Parte 6) – Avenida Rei Pelé | Boqnews

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09 DE ABRIL DE 2025

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As Vias da Orla (Parte 6) – Avenida Rei Pelé

A Avenida que passou por grande revitalização no começo da década, foi renomeada para homenagear o atleta do século XX e é conhecida por seus clubes

Por: Ronaldo Tarallo Jr.
Da Redação

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Uma Avenida que homenageia o atleta do século XX na cidade em que fez história, esse é o logradouro mais recente de Santos.

No entanto, o local também é marcado pela tradição dos clubes de regatas, alguns deles atualmente só existem na memória da população.

O nascimento dessas agremiações passa pela cidade do Guarujá, que pertencia a Santos até 1934, mais especificamente na região do Itapema, Bocaina e Base Aérea.

CLUBES

Assim, o primeiro criado Santos – e no Estado – é o Clube de Regatas Santista, de 30 de abril de 1893.

A seguir vieram o Clube Internacional de Regatas (1898), o Clube de Regatas Saldanha da Gama (1903) e, mais tarde, o Clube de Regatas Vasco da Gama (1911).

Dessa forma, uma curiosidade sobre estas agremiações, atualmente localizadas na Ponta da Praia, é que eram sediadas em outros locais.

Portanto, na Base Aérea (Regatas Santista); Vicente de Carvalho e Praça Mauá (Internacional); cais em frente ao Armazém 8, Praça da República (Saldanha) e Ilha Barnabé (Vasco).

O principal local das regatas foi o Valongo, onde viviam os santistas com maior poder aquisitivo.

O local também oferecia facilidade para o transporte dos barcos e dos remadores que vinham de São Paulo pela estrada de ferro.

Estas competições representavam grandes acontecimentos na Cidade

Assim, Santos tornou o remo popular, ganhou muitos títulos, promoveu campeonatos e provas e fez grandes remadores.

Entre eles, destaca-se Edgard Perdigão, que dá nome à ponte na Ponta da Praia.

Em 1930, a crise econômica do café refletiu no remo, um esporte caro que  foi perdendo espaço para outras modalidades, como a natação, futebol, vôlei e pólo aquático.

As regatas passaram a ser realizadas em datas comemorativas, até que desapareceram.

Antiga fachada do Clube Saldanda Da Gama. Foto: Reprodução Street View

CLUBE DE REGATAS VASCO DA GAMA

No dia 12 de fevereiro de 1911, um grupo de jovens esportistas reuniu-se na Rua Senador Feijó, 62, na cidade de Santos, com o objetivo de fundar um novo clube de remo.

À época, o remo era o esporte mais popular na cidade e em todo o país, sendo praticado nas águas estuarinas santistas desde o final do século XIX.

No entanto, Santos já despontava como pioneira na prática da náutica esportiva, abrigando clubes como o “Nacional” e o “Internacional”.

As duas agremiações  se fundiram em 1893 para formar o Clube de Regatas Santista.

Na sequência, surgiram o Clube Internacional de Regatas (em 1898) e o Clube de Regatas Saldanha da Gama (em 1903).

Assim, apesar da presença dessas agremiações, um grupo de jovens portugueses e descendentes de portugueses sentia a necessidade de um clube onde pudessem manter vivas as tradições lusitanas.

Reunidos em um pequeno sobrado no bairro da Vila Nova, decidiram fundar o Clube de Regatas Pedro Álvares Cabral.

No entanto, ao submeter o nome à votação, alguns membros consideraram o nome longo demais para um clube esportivo.

Assim, optaram por homenagear Vasco da Gama, navegador português e herói da Rota das Índias, conhecido por ter sido o primeiro a cruzar o então Cabo das Tormentas, atual Cabo da Boa Esperança.

Ao longo de sua história, o Clube de Regatas Vasco da Gama tornou-se um dos principais rivais do Clube de Regatas Santista em diversas modalidades esportivas.

Em 1927, o clube adquiriu um terreno na Ponta da Praia, onde construiu sua sede, permanecendo no local até hoje.

Na década de 2010, parte desse terreno foi vendida ao Grupo Mendes, viabilizando a revitalização da sede, que foi reinaugurada em comemoração ao seu centenário.

CLUBE DE REGATAS SANTISTA

O Clube de Regatas Santista, carinhosamente conhecido como Azulão, não é a agremiação mais antiga de Santos.

Isso porque, sua origem remonta à fusão de duas tradicionais sociedades náuticas: o Clube Nacional de Regatas e o Clube Internacional de Regatas.

Essa união foi formalizada em 3 de abril de 1893, durante uma reunião realizada na Rua Amador Bueno nº 8, sob a presidência do Sr. Olegário Rocha e com secretariado do Sr. Joaquim Lopes Gouveia.

Na ocasião, o Sr. Olegário Rocha defendeu a necessidade da fusão, em consonância com o desejo dos associados de ambas as entidades.

Portanto, com aprovação unânime, foi acatada a proposta do Sr. José Maria de Queirós Matos para que o novo clube resultante passasse a se chamar Clube de Regatas Santista.

Com o tempo, o remo foi perdendo espaço para outras modalidades esportivas que cresciam em popularidade.

Em 1943, o clube deixou suas históricas instalações na Bocaina e se transferiu para a Ponta da Praia, onde foi erguida uma modesta sede, popularmente conhecida como Cabana do Pai Tomás.

No dia 23 de setembro de 1953, sob a presidência de Manuel Neves dos Santos, foi lançada a pedra fundamental de sua nova sede, um imponente edifício cuja primeira pedra foi assentada pelo conselheiro Acácio Augusto de Almeida.

Por essa razão, o prédio, de linhas arquitetônicas arrojadas, consolidou-se como uma das principais sedes de clube na cidade.

Assim, cinco anos depois, foi lançada a pedra fundamental do Ginásio de Bochas Acácio Augusto de Almeida, o primeiro do estado de São Paulo a contar com cobertura em cimento armado.

 

Primeira sede do “Azulão”, na Ponta da Praia. Foto: Tateo Ikura/Jornal Cidade de Santos

AUGE

Na década de 1980, o Clube de Regatas Santista viveu seu auge, reunindo cerca de 20 mil associados e mantendo forte presença no cenário esportivo e social da cidade.

No entanto, a trajetória de sucesso foi abruptamente abalada em 8 de novembro de 1997, quando um trágico acidente durante um show da banda Raimundos, realizado no ginásio do clube, resultou na morte de oito jovens.

Com isso, a tragédia marcou profundamente a história da instituição.

A partir de então, o clube enfrentou uma série de dificuldades.

Disputas internas entre grupos de associados agravaram ainda mais a crise, impedindo decisões importantes para conter o avanço das dívidas.

A situação financeira deteriorou-se progressivamente ao longo dos anos 2000.

Assim, no final da década, o Clube de Regatas Santista encerrou suas atividades.

Seu terreno foi vendido ao Grupo Mendes, que projeta no local um dos maiores empreendimentos imobiliários da cidade.

Fachada do Clube Regatas Santista, em 2009. Foto: Lincol Chaves/Arquivo Boqnews

CLUBE INTERNACIONAL DE REGATAS

A história do Clube Internacional de Regatas teve início em 24 de maio de 1898, quando 36 jovens.

Eles estavam insatisfeitos com a direção do então único clube de remo da cidade — o Clube de Regatas Santista.

Assim, reuniram-se no prédio nº 1 da Rua Martim Afonso, em Santos, para fundar uma nova agremiação voltada ao esporte náutico.

No entanto, um ano após sua fundação, o grupo adquiriu uma área à beira-mar na Ilha de Santo Amaro, no local conhecido como Bocaina, onde instalaram sua primeira sede náutica.

A sede social surgiu em um barracão-estaleiro desapropriado pela Companhia Docas de Santos, na Avenida Saldanha da Gama, nº 5.

Já em maio de 1899, o clube transferiu-se para a cidade de Santos, alugando o trapiche São Paulo, na Rua João Octávio nº 13, e vendendo o terreno e as benfeitorias da antiga sede na Bocaina.

Assim, ainda no início do século XX, em 1909, o clube manteve atividades no distrito de Vicente de Carvalho, próximo à estação das barcas, como mostram imagens históricas pertencentes ao acervo de Paulo Carinha.

Primeira sede do Clube Internacional de Regatas, em Itapema. Foto: Diário Oficial de Santos

GIGANTE DO ITAPEMA

Com o passar dos anos, o Internacional se consolidou como um dos mais tradicionais clubes da região, sendo apelidado de “gigante do Itapema”, em referência ao local onde se situava o Forte Itapema, que também abrigou parte de sua sede náutica original, atualmente seu apelido é o “Vermelhinho” ou “Vermelhinho da Ponta da Praia”, em alusão as cores do clube e sua localização.

A necessidade de adequações levou o clube a manter a prática náutica apenas com embarcações de pequeno porte, devido à localização da garagem de barcos na sede social e à dificuldade de acesso ao mar. Essa realidade começou a mudar em 1977, quando a diretoria da época iniciou a construção de uma nova sede náutica às margens do Rio Icanhema, na Praia de Santa Cruz dos Navegantes, no Guarujá.

O terreno — originalmente um manguezal — foi aterrado e transformado em uma área moderna, com piscina própria para guarda de embarcações de até 41 pés. A nova infraestrutura permitiu uma renovação do setor náutico do clube, que passou a contar com veleiros cabinados modernos, adquiridos por seus associados.

Atualmente, o Clube Internacional de Regatas conta com uma sede social na Avenida Rei Pelé, nº 5, no bairro da Ponta da Praia, em Santos.

Ocupa uma área de 22.700 metros quadrados. Sua sede náutica, situada no Guarujá, abrange 55 mil metros quadrados, equipada para receber embarcações de médio e grande porte.

Assim, em contraste com a crise enfrentada por muitos clubes tradicionais da cidade, o Internacional de Regatas mantém-se em crescimento.

Em 2008, construiu um novo salão de eventos, planejado sobre o deck da piscina social, reafirmando o espírito empreendedor que acompanha sua história desde 1898.

PÍERES DA PONTA DA PRAIA

Em agosto de 2000, dois píeres foram inaugurados como parte de um projeto de incentivo ao turismo iniciado pela Prefeitura Municipal em 1997.

As estruturas foram construídas em áreas pertencentes ao Governo Federal, com as obras estruturais realizadas pela própria Prefeitura.

Assim, os equipamentos e acabamentos fornecidos pelos permissionários, vencedores da licitação para a exploração comercial dos espaços.

Com cerca de 70 metros de comprimento e mais de 30 metros de largura, os píeres abrigavam dois estabelecimentos de aproximadamente 230 m² cada, com capacidade para atender cerca de 400 pessoas.

Cada plataforma era formada por dois módulos de alvenaria revestidos com tijolos cerâmicos aparentes: um destinado aos sanitários e outro com balcão e cozinha.

Esses módulos eram interligados por uma estrutura de ferro galvanizado a fogo, que sustentava cinco toldos brancos quadrados feitos de material plástico.

Um dos píeres funcionava como restaurante, localizado em frente ao Clube Vasco da Gama.

O outro operava como bar, com o nome de Píer do Chopp.

Entretanto, por se tratarem de áreas federais, a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) solicitou em 2010, a saída dos permissionários, alegando irregularidade na ocupação. Em 2012, os dois píeres foram demolidos.

Assim, algum tempo depois, o píer onde funcionava o bar foi transformado em uma plataforma náutica, voltada ao embarque e desembarque de barcos, veleiros, canoas, caiaques, além de servir como um mirante informal, onde visitantes podem apreciar a paisagem da orla.

Já o outro píer, onde funcionava o restaurante, foi fechado definitivamente.

O restaurante transferiu-se para as instalações do Clube Vasco da Gama, onde continua em operação.

Pier Chopp 1, em 2011. Foto: Street View

NOVA PONTA DA PRAIA

A orla da Ponta da Praia passou por grande revitalização em 2020.

Assim, recebeu uma série de intervenções urbanísticas e ambientais voltadas à valorização do espaço público, à proteção costeira e à melhoria da mobilidade.

Entre as principais ações realizadas estão a instalação de bags submersos — estruturas que ajudam a conter a erosão costeira .

Portanto, também ocorreu o engordamento da faixa de areia, ampliando a praia para uso recreativo e protegendo a orla de futuras ressacas.

Na área em frente ao Aquário Municipal, foi promovida a redistribuição das vagas de estacionamento.

Da mesma forma, foram criados espaços arborizados e áreas de convívio, conectando pontos turísticos locais, como o Deck do Pescador e a Ponte Edgar Perdigão.

Outro ponto importante da reestruturação foi a ampliação da Praça Almirante Gago Coutinho, com foco na melhor acomodação de veículos e organização da fila da balsa.

Assim, as obras incluíram a criação de um novo bolsão para veículos com prioridade e hora marcada, facilitando o fluxo em direção à travessia de balsas.

Portanto, a saída da balsa passou a contar com acessos tanto para a Avenida Rei Pelé quanto para a própria Praça Gago Coutinho, além de um novo Centro de Convenções e novo Mercado do Peixe

Além disso, o chamado Trecho 4 das obras previa a criação de um bolsão específico para ônibus e a reserva de área para a futura linha do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), a ser implantada também na Praça Gago Coutinho, reforçando a integração entre os diversos modais de transporte da região.

Ainda é possível ver como era a antiga configuração da Ponta da Praia no clipe da música “Morena”, do cantor Vitor Kley, gravado e lançado em 2019.

QUEM FOI O REI PELÉ?

Pelé, nome verdadeiro Edson Arantes do Nascimento, foi um futebolista brasileiro considerado como o maio da história.

Assim, sua trajetória fez com que fosse eleito o Atleta do Século pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) em 1999.

Nasceu em 23 de outubro de 1940, em Três Corações (MG). Jogou pelo Santos FC (1956-1974), pelo New York Cosmos (1975-1977) e pela Seleção Brasileira (1957-1971).

Marcou 1.283 gols em sua carreira e conquistou três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970).

Da mesma forma, possui de diversos títulos com o Santos, incluindo duas Libertadores e dois Mundiais de Clubes.

Faleceu em 29 de dezembro de 2022, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações de um câncer.

Seu nome foi incluído no dicionário, após sua morte, como sinônimo de alguém incomparável e excepcional em qualquer área.

A AVENIDA

Com cerca de 1,7km, a Avenida liga a Praça Almirante Gago Coutinho a Rua Carlos de Campos.

Assim, se estende pelo trecho pertencente a Avenida Saldanha da Gama e parte da Avenida Bartholomeu de Gusmão.

Dessa forma, sua criação se deu em outubro de 2024, após sanção da lei 4550, pelo prefeito Rogério Santos, sendo a única da Baixada Santista.

Na parte 6 da série, foi informado erroneamente que a Av. Saldanha da Gama ligava à Praça Almirante Gago Coutinho até a Rua Carlos de Campos.

No entanto, o correto era até a Rua Francisco Hayden, entre o Clube Internacional de Regatas e o extinto Clube de Regatas Santista.

Seis meses após a alteração do nome do logradouro, as placas de rua do trecho em questão ainda exibem a nomenclatura antiga.

A Prefeitura de Santos foi questionada sobre a previsão para a instalação das novas placas com o nome de Rei Pelé.

E também sobre os prazos envolvidos no processo de substituição em casos de mudança de nomenclatura.

Em resposta, o município informou apenas que a confecção das novas placas está em trâmite nos setores responsáveis, sem detalhar prazos ou etapas do procedimento.

 

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