A fotógrafa Biga Appes, referência no fotojornalismo e na fotografia humanizada, comemora 35 anos de carreira com a exposição “O Tempo em Mim”, em cartaz no Museu da Imagem e do Som de Santos (MISS) até o dia 30 de abril. A mostra, que a artista prefere chamar de “ocupação fotográfica”, apresenta uma seleção afetiva de imagens que percorrem sua trajetória profissional.
Uma exposição sensorial e diversa
A ocupação fotográfica de Biga Appes reúne fotografias em preto e branco e coloridas, apresentadas em formatos variados como quadros, tecidos, monóculos, mostruários, álbuns artesanais e até lambe-lambes colados na parede. A diversidade de suportes propõe uma experiência sensorial e imersiva aos visitantes.
O olhar sensível de Biga Appes
Com um trabalho voltado especialmente para mulheres, crianças, territórios e a natureza, Biga revela sua conexão afetiva com os retratados. “A fotografia me ensinou que a beleza tem várias formas. Eu brinco que saio pra catar gente, porque é uma amizade que acontece ali. Quando elas se sentem à vontade com a minha câmera, a sessão se transforma em uma troca, como um abraço”, conta a fotógrafa.
Carreira marcada pelo fotojornalismo e questões sociais
Biga Appes iniciou sua trajetória em 1990 como repórter fotográfica, atuando em um cenário predominantemente masculino. Teve trabalhos publicados pela agência de notícias de O Estado de S. Paulo e nos jornais O Globo, Diário do Litoral e Jornal da Orla. Foi também contratada pela Casa de Cultura da Mulher Negra, registrando momentos históricos, como a visita de Nelson Mandela ao Brasil.
Ao longo da carreira, dedicou-se à documentação de temas sociais e culturais, como o trabalho de ONGs com jovens em vulnerabilidade social, o movimento Guerreiros Sem Armas e manifestações culturais caiçaras.
Reconhecimento internacional
O ensaio “Flores Loucas”, sobre pacientes psiquiátricas da periferia de São Vicente, foi exibido em 1998 no Encontro Internacional de Mulheres em Cuba. Já em 1999, Biga foi a única sul-americana selecionada para a II Mostra Internacional de Fotografia Humanitária Luis Valtueña, com imagens de catadores no lixão de São Vicente.
Colaborações e projetos autorais
A fotógrafa também produziu imagens para artistas e coletivos culturais, incluindo a capa do CD “Audácia” da rapper Preta Rara. Participou de diversas edições da Bienal de Dança de Santos, encontros de Cultura Caiçara e oficinas em universidades e espaços culturais da região.
Seu projeto autoral “Vou sair pra catar gente” virou um documentário premiado pela TV Câmara, dirigido por sua filha, Cibele Appes.
Atuação recente e novas produções
Nos últimos anos, Biga voltou-se à documentação de produções audiovisuais, como a websérie “Nossa voz ecoa” e o documentário “Salga, uma expedição alimentar litorânea”, ambos com foco em questões étnicas e culturais.
A artista também integrou a exposição PORTOS, promovida pelo Sesc, sendo selecionada entre mais de 350 artistas da região da Baixada Santista.
Visite a exposição “O Tempo em Mim” no MISS
Local: Museu da Imagem e do Som de Santos (Avenida Pinheiro Machado, 48 – Vila Mathias)
Período: Até 30 de abril
Horário de visitação: Segunda a sexta-feira, das 14h às 20h
Entrada gratuita
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