Uma discussão importante sobre como equilibrar o ambiente educacional com o sossego da comunidade em torno das escolas vem ocupando um lugar de destaque em várias rodas de conversa. Como educadora, proponho que imaginem o dia a dia em uma escola, cheia de vida e energia, com crianças correndo, brincando e se comunicando. Esse som é uma melodia que transmite aprendizado e crescimento, algo vital especialmente após períodos de isolamento. Para mim, como educadora, sou feliz quando vejo a escola assim, pois para mim significa que é um ambiente feliz como Paulo Freire defendia.
Entretanto, esse som pode ser recebido diferentemente pelos vizinhos, que estão cada vez mais buscando tranquilidade, especialmente em um mundo onde o trabalho remoto se tornou comum e nossas cidades estão mais densas. Essa convivência em espaços urbanos nos obriga a repensar como coexistir harmoniosamente. Como professora de idiomas, por exemplo, o barulho de motos e caminhões atrapalham muito quando a atividade envolve compreensão auditiva. Em geral, o ruído vindo de construções chega a tornar impossível ministrar aulas. De qualquer disciplina.
As escolas, reconhecidas como centros de aprendizado e desenvolvimento social, vivem o desafio de atender tanto suas próprias demandas quanto as da vizinhança. A preocupação dos educadores é legítima e buscamos soluções que equilibrem essas necessidades. Essas possíveis soluções incluem controle de ruídos, melhor infraestrutura e até mesmo a conscientização dos alunos sobre o impacto de suas atividades.
O ponto crucial é o diálogo
Abrir espaço para que escolas, famílias e a comunidade conversem sobre as necessidades de cada um. Somente através dessa troca é possível construir comunidades onde o aprendizado e o bem-estar caminham lado a lado.
Como sociedade, precisamos reconhecer o papel fundamental das escolas. Elas não apenas educam nossas crianças, mas também as preparam para o futuro em ambientes que encorajam a convivência saudável. Atividades físicas são fundamentais para a saúde de nossas crianças e jovens ainda mais atualmente porque fora da escola as crianças acabam ficando mais tempo em frente das telas levando à obesidade e ao sedentarismo. Encontrar esse caminho de equilíbrio é essencial, permitindo que as escolas cumpram sua missão enquanto respeitamos o direito ao sossego da comunidade.
Texto de Ana Maria Santos da Silva – Educadora, advogada, psicopedagoga, especialista em neurociências e mestranda na UNIFESP – BS.