O Governo de São Paulo iniciou os serviços de melhoria na estrada do Guaraú, via de acesso à comunidade tradicional de Barra do Una, no litoral sul. A intervenção, coordenada pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), por meio da SP Águas, visa preparar a logística para a instalação de um enrocamento que contenha o avanço do mar na região. O enrocamento consiste no posicionamento de pedras de grandes dimensões, de até 2,5 toneladas, para proteger a estrada e as moradias ali existentes.
Os serviços iniciais em andamento incluem nivelamento do perfil da estrada, reforço de acostamentos e compactação do solo. Essas melhorias são essenciais para garantir o tráfego seguro de veículos pesados que serão utilizados na próxima fase do projeto de contenção marítima a se iniciar nos próximos dias, referente ao transporte de equipamentos, bem como de materiais.
No último dia 7, a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, visitou a região acompanhada por técnicos da SP Águas, da Fundação Florestal, da Defesa Civil e por representantes da Prefeitura de Peruíbe. Durante a visita, foram discutidas as necessidades da comunidade, as alternativas, além dos detalhes das intervenções em curso.
“A escuta ativa da comunidade é fundamental para que as soluções sejam eficazes, respeitosas e sustentáveis. Com estas melhorias na via de acesso, garantimos não apenas a segurança de quem mora, mas também a agilidade necessária para implantar a barreira de proteção costeira”, afirmou Natália Resende.
A erosão costeira é um fenômeno natural que ocorre em áreas costeiro-marinhas e afeta o litoral sul do estado de São Paulo. O avanço do mar provoca a perda de áreas de praia, impacta a vegetação de restinga e ameaça casas e edificações próximas. Segundo pesquisadores, a principal causa da erosão em Barra do Una foi a migração da desembocadura do Rio Una do Prelado para o norte — um fenômeno comum, já que barras de rios possuem comportamento hidrodinâmico com fluxo bastante variável. Além disso, a ocorrência de eventos climáticos extremos nos últimos anos tem intensificado o processo erosivo em um trecho da praia.
Em Barra do Una, também estão sendo estudadas as melhores medidas para restaurar a condição natural de escoamento do Rio Una na região da sua foz, alterada pelas mudanças climáticas. A Fundação Florestal oferece todo o apoio à comunidade tradicional e, após as intervenções, promoverá a restauração da restinga. A Prefeitura de Peruíbe alocou materiais rígidos para conter o avanço do mar e continuará com a manutenção da estrutura local. A Defesa Civil realizará o monitoramento constante da situação. A obra integra o Plano de Adaptação e Resiliência Climática da Semil, que prevê ações voltadas à proteção das zonas costeiras.
Fundação Florestal – Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una
Desde 2020, a Fundação Florestal tem desempenhado um papel fundamental no monitoramento e na gestão ambiental da região. Utilizando drones para capturar imagens aéreas detalhadas, a equipe coleta dados essenciais para compreender o processo erosivo e planejar intervenções eficazes. A participação ativa da comunidade local tem sido crucial, com moradores reportando alterações significativas, especialmente após eventos de ressaca.
Além do monitoramento, a Fundação Florestal tem implementado soluções baseadas na natureza para dissipar a energia das marés e proteger a vegetação de restinga. Uma estrutura implantada em novembro, que incluiu o cercamento com bambus, demonstrou resultados positivos ao proteger a vegetação, enquanto trechos sem essa proteção sofreram maiores impactos durante eventos climáticos no início de dezembro. Posteriormente, optou-se pelo empilhamento de material vegetal, estratégia que tem contribuído para a preservação da integridade das áreas costeiras.
Paralelamente, está em elaboração — junto ao Conselho Deliberativo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una, com participação da comunidade, do poder público e de pesquisadores — um Plano Comunitário de Adaptação à Erosão Costeira. O documento definirá diretrizes e ações permanentes para o enfrentamento sustentável do problema, integrando estudos técnicos e o conhecimento prático acumulado no local.